"No ato do último 9 de abril, escutamos da repórter da Rede Globo que ela não ouviria a vice-presidenta da CUT Nacional, Carmem Foro, porque tinha recomendações da redação para entrevistar apenas o deputado Paulinho, da Força Sindical. Isso não é democrático”, pontua.
“Os grandes meios de comunicação privados continuarão existindo, mas não estarão sozinhos. Não queremos censurar ou calar os veículos, mas ampliar as vozes da população, dos trabalhadores. As concessões, por exemplo, são públicas e precisam estar a serviço da sociedade. Queremos diversidade, direito de resposta, espaço e responsabilidade de quem produz”.
Cerca
de 150 pessoas de diferentes ramos e sindicatos participaram nesta
terça-feira (15) da oficina de comunicação da capital, que integra as
ações do Dia do Trabalhador/a, promovida pela CUT São Paulo (CUT/SP). O
encontro, coordenado pelo secretário Geral da Central no estado,
Sebastião Cardozo, ocorreu no Centro de Formação do Sindicato dos
Servidores Municipais, no centro da capital paulista.
O
presidente da CUT/SP, Adi dos Santos Lima, afirmou que o tema da
comunicação não está na agenda do movimento sindical, como o fim do
fator previdenciário e a redução da carga de trabalho para 40h, mas faz
parte do cotidiano da classe trabalhadora e deve ser tratado como
prioridade. “Não é possível existir uma ditadura da mídia comandada por
poucos grupos no país”.
Secretária
de Imprensa da CUT São Paulo, Adriana Magalhães defende que a
comunicação deve ser vista pelo movimento sindical como investimento e
não como custo. “Quando vamos para uma mobilização precisamos estar
atentos sobre a forma como nos comunicamos com faixas, camisetas ou
bandeiras. No ato do último 9 de abril, escutamos da repórter da Rede
Globo que ela não ouviria a vice-presidenta da CUT Nacional, Carmem
Foro, porque tinha recomendações da redação para entrevistar apenas o
deputado Paulinho, da Força Sindical. Isso não é democrático”, pontua.
Adriana ressaltou durante a oficina o
Projeto de Lei de Iniciativa Popular para uma Mídia Democrática, que
necessita de 1,3 milhão de assinaturas para ser enviado ao Senado. “Os
grandes meios de comunicação privados continuarão existindo, mas não
estarão sozinhos. Não queremos censurar ou calar os veículos, mas
ampliar as vozes da população, dos trabalhadores. As concessões, por
exemplo, são públicas e precisam estar a serviço da sociedade. Queremos
diversidade, direito de resposta, espaço e responsabilidade de quem
produz”.
Conquistas e desafios
O
diretor da TVT, Valter Sanches, provocou o público perguntando quanto
tempo os dirigentes têm para falar com a própria base. “Se fizemos uma
assembleia semanal, com duração de 25 minutos, mais entregarmos um
veículo próprio, em que o trabalhador gastará 10 minutos de sua folga,
teremos 35 minutos aproximadamente do tempo desse trabalhador por
semana. Se dividirmos isso, teremos 5 minutos por dia da atenção da
base. As outras 23 horas e 55 minutos ela estará sendo massacrada pela
grande mídia que está a serviço dos anunciantes, normalmente empresas
privadas”, explica.
Para Sanches,
os convênios médicos são os maiores anunciantes das propagandas na
televisão e, por isso, não vão querer que os veículos se coloquem a
favor e falem bem da saúde pública. “Se os meios atendem ao mercado
privado, terá como objetivo reproduzir o capital da forma mais rápida
possível. Isso causa muito das deformações de pensamento e influencia na
formação cultural ideológica”, alerta.
O
diretor da TVT fez questão de ressaltar uma conquista, que recebeu
aplausos do público presente na oficina. A emissora recebeu nessa
segunda (14) concessão do Ministério das Comunicações para transmitir
sua programação digital em São Paulo, no canal 44 em UFH, para uma área
que irá abranger 20 milhões de pessoas. “Mais uma conquista para nossa
luta que é antiga. Sabemos que qualquer forma de comunicação como a
internet, por exemplo, que faça a intermediação do diálogo entre as
pessoas, tira o sossego dos barões da mídia, que perdem o poder absoluto
da mediação”.
Para o jornalista e
secretário de Comunicação do PT de São Paulo, Humberto Tobé, as
oficinas promovidas pela CUT São Paulo contribuem para fazer com que os
sindicatos, movimentos sociais e parlamentares possam participar do
debate sobre a necessidade de uma mídia plural e de pensar na construção
de novos canais. “O que está em disputa é o projeto de país que
queremos”, afirma.
Em tramitação
no Congresso Nacional há três anos, o Projeto de Lei (PL) 2.126/2011 do
Marco Civil da Internet foi destaque na oficina. Ele define, entre
outras questões, os direitos e deveres de usuários e provedores de
serviços de conexão e aplicativos na internet. Ainda, garante o direito à
privacidade na rede.
Para o
secretário adjunto de Formação da CUT Nacional, Admirson Medeiros Ferro
Júnior, o Greg, a sociedade brasileira vive um momento da história
brasileira em que o regime democrático precisa ser valorizado. “O marco
civil da internet é uma luta de mais de cinco anos dos movimentos. O
sigilo na internet, a neutralidade, a segurança da informação e o
direito de resposta precisam garantidos a todo e qualquer cidadão”.
Segundo
o dirigente, o Comitê Gestor da Internet (GCi) no Brasil é uma
conquista antiga dos movimentos social e sindical. “Nasceu de trabalhos e
diálogos feitos junto à sociedade”. A democratização dos meios,
ressaltada novamente por ele, é uma das peças fundamentais para ampliar e
consolidar a democracia no país. “São poucas as famílias que dominam os
meios de comunicação e a sociedade precisa ter espaço para divulgar as
suas ideias e compartilhar os seus conhecimentos. A produção de conteúdo
e o acesso aos equipamentos tecnológicos precisam ser igualitários”.
De
acordo com Greg, a rede CUTista é enorme e está espalhada pelo Brasil.
“Mas precisamos avançar e ter a dimensão do que somos. Precisamos ocupar
as ruas ainda mais, fazer cinema e teatro, nos aproximarmos da
sociedade por outros canais que estão à disposição”.
No
final da atividade, o secretário Geral da CUT/SP, Sebastião Cardozo,
informou que 20% dos presentes na oficina irão participar do Seminário
Internacional Sindical do Dia do Trabalhador/a, que ocorrerá no dia 28
de abril, no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
SinPsi destaca manipulação midiática
O
SinPsi, representado pelas dirigentes Marília Fernandez e Elenice
Koods, marcou presença no curso de formação. Um dos destaques do curso,
observado pelo olhar das psicólogas, foram as formas de manipulação da
mídia, no sentido da alienação de massa e construção ideológica sobre a
população, influenciando os modos e formas de vida.
“Discutir
a democratização da comunicação é incontestável. Hoje estamos cerceados
por informações controladas por uma mídia unilateral e de interesses,
enquanto não temos acesso às informações de que realmente precisamos. É
uma ditadura silenciada, manipulada e desigual, que precisamos combater,
abrindo e ampliando espaços para diálogo dos movimentos e da classe
trabalhadora”, afirmou Marília.
Para
a dirigente, a Psicologia tem o dever de participar deste debate, como
ciência que estuda o comportamento humano e sua psique, com o foco em
suas questões atuais sociais.
“Para
alcançarmos uma mídia igualitária e democrática, é preciso não só fazer
a luta, mas nos aproximarmos uns dos outros por meio dos recursos
tecnológicos de que já dispomos. É necessária toda uma construção
cultural diferenciada daquela viabilizada até então, a partir de alguns
grupos dominantes. Ao mesmo passo, borbulham recursos tecnológicos que
podem subsidiar discussões e acredito precisarmos nos apropriar”,
sugere.
Com informações do SinPsi-SP
Com informações do SinPsi-SP
Nenhum comentário:
Postar um comentário