10 de julho de 2019

Por um mínimo de decência, o STF deve soltar Lula agora


Apenas o Supremo ainda não despertou para a gravidade e a urgência das revelações do Intercept-Brasil, que escancaram definitivamente a parcialidade da Lava Jato contra Lula", escreve Paulo Moreira Leite, articulista do 247. "Em nome da presunção da inocência, o STF deveria concluir o julgamento da denuncia de suspeição contra Moro e respeitar os direitos do ex-presidente"

Não há dúvida de que as revelações do Intercept Brasil despertaram a consciência de inúmeros brasileiros que adormeciam embalados pelo mais recente salvador da pátria.

Pena que até agora não foram suficientes para retirar o Supremo Tribunal Federal de um sono profundo sobre a situação de Lula em Curitiba.

Vítima mais conhecida das maquinações ilegais de autoridades que deveriam, acima de tudo, preocupar-se em agir dentro da lei, Lula permanece trancafiado em sua cela minúscula, com direito a rápidas saídas para banhos de sol.

Imagine o que ele sente quando olha para o teto. Ou quando assiste à TV pela tela do computador. Ou recebe a mensagem de um filho e pensa naquele neto. Ou...Ou...Ou.

Quis o destino que, mais uma vez, os direitos de Lula se encontrassem com um desses grandes acontecimentos nacionais que, vez por outra, dão um novo rumo a sua existência e fazem dela uma grande parábola sobre a história deste país que não desiste de ser digno e belo.

Não vamos nos cansar pensando episódios passados, remotos demais na existência de um prisioneiro que já chegou aos 73 anos e passou por tantas tristezas desde que embarcou no helicóptero naquela tarde dolorosa em São Bernardo, onde tantos foram às lagrimas quando ouvia Zé do Caroço, aquele samba da comunista Lecy Brandão que fala do nascimento de um novo líder.

A ação jurídica que pode abrir a porta da prisão está lá, desde dezembro do ano passado, e já foi examinada por quatro dos cinco ministros que tinham o dever de fazer isso em nome do sagrado direito de todo réu a receber um julgamento justo.

Claro que não ali não se pode ouvir o audio de Deltan Dallagnhol dirigido aos membros do grupo "Januário 3," com quem partilha, com a máxima discrição possível -- voz muito mais baixa do que os discursos empostados das coletivas com power point -- a satistação pela setença de Luiz Fux que proibiu a entrevista de Lula na véspera do segundo turno. Este depoimento do chefe da força-tarefa confirma, para além de qualquer dúvida razoável, a parcialidade política do Ministério Público diante de um caso tão grave, que poderia de sido resolvido de forma tão simples, que é o respeito à Constituição. Mostra o temor que a palavra do prisioneiro -- mesmo sendo garantida pelo artigo 5 e também pelo 220m -- pudesse interferir na eleição.

Por Paulo Moreira Leite no Brasil 247

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