17 de julho de 2019

Manuel Castells: 'Brasil está vivendo um novo tipo de ditadura'




Em visita ao Rio, para participar de um Seminário, o sociólogo espanhol Manuel Castells afirmou que o Brasil vive uma nova modalidade de ditadura. Ele disse que a disseminação de informações falsas "conduz país ao totalitarismo e educação é única via para reverter o quadro."

A reportagem do jornal O Globo destaca que Castells é um dos principais teóricos da comunicação no mundo e sublinha sua visão de Brasil: "ele [Castells] afirmou que o país só conseguirá evitar um futuro totalitário caso as escolas desempenhem bem seu papel . Nesse sentido, criticou o projeto do governo Bolsonaro de criar escolas militares , com foco na disciplina.
Castells diz ainda que os cidadãos que 'querem estabelecer a verdade' precisam retomar o protagonismo nas redes."

A jornalista Paulo Ferreira perguntou ao sociólogo: "Hoje, no Brasil, há pessoas que dizem que o nazismo era de esquerda, que as vacinas são ruins e que a terra é plana. Como isso é possível na era da informação?" Castells respondeu: "primeiro, as pessoas não funcionam racionalmente e sim a partir de emoções. As pesquisas mostram cientificamente que a matriz do comportamento é emocional e, depois, utilizamos nossa capacidade racional para racionalizar o que queremos. As pessoas não leem os jornais ou veem o noticiário para se informar, mas para se confirmar. Leem ou assistem o que sabem que vão concordar. Não vão ler algo de outra orientação cultural, ideológica ou política. A segunda razão para esse comportamento é que vivemos em uma sociedade de informação desinformada. Temos mais informação do que nunca, mas a capacidade de processá-la e entendê-la depende da educação e ela, em geral, mas particularmente no Brasil, está em muito mau estado. E vai ficar pior, porque o próprio presidente acha que a educação não serve e vai cortar os investimentos na área. Por um lado, temos mundos de redes de informação, de meios que invadem o conjunto de nosso pensamento coletivo, e ao mesmo tempo pouca capacidade de educação das pessoas para entender, processar, decidir e deliberar. Isso é o que chamo de uma era da informação desinformada."  - 247

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A traição do governo Bolsonaro e deputados aos policiais, agentes e guardas civis



247 - Policiais, lembre-se disso. Quem os defendeu e defende politicamente é exatamente aqueles que vocês (em sua maioria) lamentavelmente ofenderam e ofendem.Quem vocês amaram traiu vocês

Para entender a traição a qual Bolsonaro e sua turma submeteu os funcionários públicos como um todo e da área da Segurança Pública dos estados e municípios em particular, é preciso entender o significado e a extensão do que foi aprovado nesta primeira fase da “deforma” da previdência e juntar isso com o que foi proposto.
Primeiro. O que foi aprovado é um atentado contra a dignidade do povo brasileiro, particularmente os mais vulneráveis. Segundo, neste caso, a traição que a DIREITA fez contra aqueles que mais apoiaram eleitoralmente esse desgoverno. Os policiais da base da pirâmide foram entregues à própria sorte, o que significa dizer que serão agora submetidos a governos ainda mais autoritários no que tange o controle legislativo nas Assembléias Legislativas dos estados, no caso dos Policiais Civis e Militares e nas Câmaras Municipais das cidades os Guardas Civis Municipais.
O que é um funcionário público? Antes de mais nada, a opção em se tornar um funcionário público ou seguir uma carreira de estado se dá em razão de duas questões principais. A primeira é a estabilidade no emprego (essa primeira foi derrubada essa semana pelo Senado Federal). Às vezes tenho a impressão de que o funcionalismo público em particular e a classe trabalhadora como um todo está agindo diante do governo Bolsonaro igual rãs quando são levadas para a morte.
Joga os bichos vivos em uma panela com água fria e põe no fogo. Aos poucos a água vai esquentando até ferver e assim, morrem sem reclamar, sem se mexer, sem tentar sequer pular da água! Vai sentindo aquele calorzinho bom, que vai aumentando, dá um incomodozinho, vai dando uma leseira, mas nem se mexe...e morre!
Assim está sendo a reforma. Alguém até avisou que aquela panela tava esquisita, que tinha fogo embaixo... mas não houve um incômodo a ponto de haver uma reação! E agora? Bem, agora vamos ver quanto tempo vai demorar para que haja reações! Ou morreremos todos na mesma panela.
Até agora, o que foi votado serve apenas para os agentes da: Polícia Federal; Polícia Rodoviária Federal; Polícia Ferroviária Federal; Polícias legislativas (Senado e Câmara); Polícia Civil do Distrito Federal. Também atinge os agentes penitenciários e socioeducativos federais.
A emenda aprovada não trata dos policiais dos estados (policiais militares, civis e bombeiros dos estados), uma vez que os servidores dos estados e municípios foram excluídos da reforma.

A PRIMEIRA TRAIÇÃO DE BOLSONARO AOS POLICIAIS NOS ESTADOS E MUNICÍPIOS

E aqui reside a primeira traição bolsonariana a esta categoria que, quase que por unanimidade, apoiou isso que tá aí!
A mudança prevê que a idade mínima para essas categorias passa a ser de 53 anos para policiais homens e 52 para mulheres. Aqui está a primeira perda. Independentemente de quantos anos de contribuição o servidor público da área da segurança pública tenha dado. Vamos supor que um policial tenha entrado no serviço público aos 22 anos de idade. Sua contribuição será de 31 anos, pois que valerá será a idade mínima, já que o tempo de contribuição já não é critério de inclusão inicial para a aposentadoria.
Isso significa que o agente de segurança pública estará obrigado a cumprir um período adicional de contribuição correspondente ao tempo que, na data de entrada em vigor da nova Previdência, faltará para atingir os tempos de contribuição da lei complementar de 1985 (pedágio de 100%).

A SEGUNDA TRAIÇÃO DE BOLSONARO AOS POLICIAIS NOS ESTADOS E MUNICÍPIOS

Quando disseram para os deputados e deputadas que apoiam Bolsonaro que os policiais são servidores que gostam de contribuir com o governo, não imaginei que iriam levar isso tão ao extremo.
Ao não incluir os policiais estaduais civis e militares e municipais no mesmo rol de direitos que os policiais federais e seus congêneres, Bolsonaro e seus deputados jogam estes policiais para as mazelas das decisões das Câmaras Municipais e Assembleias Legislativas dos estados e municípios. E ninguém pode garantir que estas regras federais venham a se aplicar obrigatoriamente nos estados e municípios. Mesmo que algum esperançoso policial queira dizer que há neste caso a obrigatoriedade em razão da isonomia, há na outra ponta a independência e autonomia administrativa dos entes federados. Ou seja, foram traídos porque há alguns meses, TODOS os policiais tinham certeza que seriam atendidos pelo MITO! O mito virou pau... e se desfez!
O governo Bolsonaro e seus aliados, a começar dos hipócritas do PSL, acompanhados por PP, PL, PSD, MDB, PRB, PSDB, DEM, Solidariedade, Podemos, PROS, PTB, PSC, Cidadania, Novo, Avante e Patriota, derrubaram também os destaques que poderiam ter resolvido o problema de vocês e quem sabe de todos os outros brasileiros. Estes partidos foram os principais responsáveis por manter os policiais e agentes de segurança nos estados e municípios fora desta reforma.
Agora, vejam só como esse mundo dá voltas e vejam quem votou a favor dos policiais e dos trabalhadores em geral! (Exatamente os que os mesmos policiais ou sua maioria absoluta sempre rejeitaram e ofendendo chamam ou incentivam de serem chamados de "comunas" ou "vermelhinhos" ou para os mais íntimos: "petralhas".

Jorge Solla PT
Lídice da Mata PSB-BA
Alice Portugal PCdoB
Não Israel Batista PV-DF
Dr. Frederico PATRIOTA-MG
Deleg. Éder Mauro PSD-PA
Marco Bertaiolli PSD-PA
Aliel Machado PSB-PR
Gleisi Hoffmann PT-PR
Carlos Veras PT-PE
FernandoRodolfo PL-PE
Paulo Ramos PDT-RJ
Heitor Schuch PSB-RS
Henrique Fontana PT-RS
Léo Moraes Sim PODE-RO
Joenia Wapichana REDE-RR
Darci de Matos PSD-SC
Sâmia Bomfim PSOL-SP
Fábio Henrique PDT-SE

Pra entender o que foi votado:

A “ficha” começou a cair para os policiais no dia 2 de julho, quando finalmente alguém resolveu ler o que significava para os trabalhadores em geral a Deforma da Previdência. Ali, começaram os gritos de “ACABOU O AMOR, BOLSONARO TRAIDOR!”
O que terá acontecido com os policiais e guardas civis muncipais pra tão grande decepção amorosa ? A resposta está na tramitação da proposta da Reforma da Previdência. Os Policiais de todas as categorias, parece que não ficaram felizes em dar sua cota de sacrifício para a Reforma da Previdência, conforme lhes pediu o MITO!
"O presidente Jair Bolsonaro afirmou que todas as categorias terão de dar a sua cota de sacrifício na reforma previdenciária, incluindo as forças policiais. Nesta terça-feira (2), lobistas das carreiras de policiais federal e civil fizeram protesto na Câmara dos Deputados para que o texto da proposta inclua emendas igualando os benefícios aos da categoria militar."(Folha de São Paulo, 02/07/2019).
Pior ainda é a situação dos Guardas Civis Municipais: "Os guardas municipais estão 'à deriva' na Reforma da Previdência. E não há intenção do relator, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), de criar no projeto uma seção única para os guardas". (Jornal O DIA 02/07/2019)
A situação funcional dos policiais, sempre foi reconhecida como sendo especial! Não há diferença pratica entre a ação de um policial militar e a de um Guarda Civil Municipal, principalmente nas cidades de porte médio e grande e de regiões metropolitanas. O grau de stress da carreira policial pode ser equiparado ao de controladores de voo. A taxa de suicídio de policiais está entre as mais elevadas de todo o serviço público, justamente em razão e por motivação da alta pressão vivida por estes servidores públicos.
Fora a questão decorrente dos riscos inerentes à situação psico-social e mesmo socioemocional da função policial há outro elemento que chama a atenção e que a reforma previdenciária agride de forma acintosa. Segundo dados do IBGE, a expectativa de vida do brasileiro nascido em 2015 aumentou e passou a ser de 75,5 anos. Em 2014, era de 75,2 anos. Desse modo, quando os dados acima são comparados com a expectativa de vida dos Policiais, possuem uma expectativa de vida de 11 anos a menos que a média geral da população, ou seja, 64 anos.
Durante os 13 anos de governos petistas, a carreira policial, principalmente a federal, foi incentivada, foi elevada a questão factual de elite das policias. E como diz a música de Jorge Aragão, lindamente cantada pela eterna madrinha Beth Carvalho, “Você pagou com ingratidão a quem sempre lhe deu amor”... e assim fizeram os briosos policiais federais ao fazer odes à Jair Bolsonaro... O restante a história vai contar! E adivinha quem estará a postos para defender os direitos também desta categoria ? Sim... serão os militantes de esquerda! Quem vota contra a perda de direitos previdenciários dos policiais e dos trabalhadores em geral é a esquerda!
No dia 4 de julho, foi, como dizem os policiais, “a pá de cal” na aposentadoria policial com a votação na comissão especial da reforma (que esta mais para uma DEFORMA) da previdência que votou por maioria a favor da reforma proposta por Bolsonaro que praticamente acaba com as chances dos trabalhadores se aposentar.

A TERCEIRA TRAIÇÃO DE BOLSONARO CONTRA OS POLICIAIS CIVIS E MILITARES E AS GUARDAS CIVIS MUNICIPAIS.

Como todos sabemos, o Reforma da Previdência, que na verdade deforma a previdência do funcionalismo publico em particular e dos trabalhadores em geral, é uma proposta deste governo. Todos nós, em sã consciência sabemos que há a necessidade de Reformas periódicas no sistema previdenciário. A economia e quem paga esta conta é que esta no cerne da questão e é essa a resposta que devemos buscar.
O governo do golpista do Temer deu isenção de mais de 1 TRILHÃO DE REAIS para petroleiras. Não seria essa a hora de taxar as petroleiras para que esta conta pudesse ser dividida com a classe trabalhadora? Mas não! Bolsonaro, o retardado, guiado pelo chicago boy, Paulo Guedes, resolveu colocar essa fatura na conta dos trabalhadores. Mas os policias tinham certeza de que seriam protegidos pelo seu governo. Não foram. E abaixo esta a prova disso. Os partidos abaixo estão representados na Comissão Especial da Reforma da Previdência. Olhe o nome e o Partido político e o estado de cada um deles e entenderá como a bancada foi orientada. Essa é a traição de Bolsonaro.
Policiais, lembre-se disso. Quem os defendeu e defende politicamente é exatamente aqueles que vocês (em sua maioria) lamentavelmente ofenderam e ofendem. Eles são a direita política. E politicamente! Quem vocês amaram traiu vocês. Quem vocês rejeitaram é quem continua reconhecendo o valor, o trabalho e a importância pra sociedade. Nós somos a esquerda!

QUEM FOI FAVORÁVEL A DEFORMAR A PREVIDÊNCIA DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS BRASILEIROS:

Alex Manente (CIDADANIA-SP) a favor
Alexandre Frota (PSL-SP) a favor
Arthur O. Maia (DEM-BA) a favor
Beto Pereira (PSDB-MS) a favor
Bilac Pinto (DEM-MG) a favor
Cap. Alberto Neto (PRB-AM) a favor
Celso Maldaner (MDB-SC) a favor
Daniel Freitas (PSL-SC) a favor
Daniel Trzeciak (PSDB-RS) a favor
Darci de Matos (PSD-SC) a favor
Darcísio Perondi (MDB-RS) a favor
Deleg. Éder Mauro (PSD-PA) a favor
Diego Garcia (PODE-PR) a favor
Dr. Frederico (PATRIOTA-MG) a favor
Evair de Melo (PP-ES) a favor
FernandoRodolfo (PL-PE) a favor
Filipe Barros (PSL-PR) a favor
Giovani Cherini (PL-RS) a favor
Greyce Elias (AVANTE-MG) a favor
Guilherme Mussi (PP-SP) a favor
Heitor Freire (PSL-CE) a favor
Joice Hasselmann (PSL-SP) a favor
João Marcelo S. (MDB-MA) a favor
Lafayette Andrada (PRB-MG) a favor
Lucas Vergilio (SOLIDARIEDADE-GO) a favor
Marcelo Moraes (PTB-RS) a favor
Marcelo Ramos (PL-AM) a favor
Paulo Ganime (NOVO-RJ) a favor
Paulo Martins (PSC-PR) a favor
Pedro Paulo (DEM-RJ) a favor
Ronaldo Carletto (PP-BA) a favor
Samuel Moreira (PSDB-SP) a favor
Silvio Costa Filho (PRB-PE) a favor
Stephanes Junior (PSD-PR) a favor
ToninhoWandscheer (PROS-PR) a favor
Vinicius Poit (NOVO-SP) a favor
E aqui estão os nomes dos deputados que honraram o voto de quem votou na esquerda e na defesa dos interesses da classe trabalhadora. Aqui não tem mito, aqui tem luta!
Alice Portugal (PCdoB-BA) contra
Aliel Machado (PSB-PR) contra
André Figueiredo (PDT-CE) contra
Carlos Veras (PT-PE) contra
Gleisi Hoffmann (PT-PR) contra
Heitor Schuch (PSB-RS) contra
Henrique Fontana (PT-RS) contra
Israel Batista (PV-DF) contra
Joenia Wapichana (REDE-RR) contra
Jorge Solla (PT-BA) contra
Lídice da Mata (PSB-BA) contra
Paulo Ramos (PDT-RJ) contra
Sâmia Bomfim (PSOL-SP) contra

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