15 de julho de 2019

UNE elege novo presidente e promete "tsunami da educação" ainda maior



Plenária de sábado (13) deliberou sobre mobilização nacional e participação na greve geral prevista para 13 de agosto / Foto: Karla Boughoff

O sábado (13) foi agitado para os cerca de 15 mil estudantes que compareceram ao 57º Congresso Nacional da União Nacional dos Estudantes (Conune), em Brasília. Os delegados aprovaram propostas de diretrizes para a entidade relativas à conjuntura política, ao movimento estudantil e à educação.

A primeira ação estudantil sob comando da UNE será a participação na greve geral prevista para o dia 13 de agosto. A agenda também conta com uma grande mobilização nacional, marcada para ocorrer no dia 30 do mesmo mês, que promete levantar um "tsunami da educação" ainda maior.

Neste domingo (14), último dia do congresso, os 8.013 delegados vão eleger a nova diretoria que assumirá o comando da União Nacional dos Estudantes (UNE) pelos próximos dois anos. Três representações estão na disputa e serão ouvidas pela plenária antes da votação.

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Resistência

Iniciado no período da tarde do sábado, o processo de votação das diretrizes durou mais de seis horas e adentrou o início da noite. A presidenta da UNE, Marianna Dias, comemorou o resultado das deliberações. "Ficou evidente que não recuaremos das ruas, que as políticas do governo de [Jair] Bolsonaro, os cortes na educação e os projetos contra as universidades públicas são inaceitáveis para os estudantes", afirmou.

O entendimento da líder estudantil reflete o contexto em que as teses apresentadas foram construídas: todas com embasamento ideológico contrário ao governo de Jair Bolsonaro. Antes da votação, representantes dos coletivos proponentes tiveram tempo de cinco minutos para defesa das matérias, que, em seguida, foram submetidas à apreciação da plenária.

Pela manhã, concentrados na parte externa do Ginásio Nilson Nelson, os coletivos entoavam palavras de ordem e clamavam pela reconstrução da democracia no país. Levavam também as mensagens das chapas inscritas para concorrer à próxima diretoria da UNE.

Antes das deliberações, foram lidas e aprovadas a Carta de Brasília, onde os estudantes também se posicionaram contrários à conjuntura política e econômica do atual governo; e a Jornada de Lutas da Juventude para o próximo ano, que terá início em agosto.

O Conune

Durante cinco dias desde quarta-feira (10), o 57º Conune reúne cerca de 15 mil estudantes em Brasília para participarem de debates, grupos de trabalho, atos políticos e atividades culturais. No último dia de congresso, também é realizada a eleição de uma nova diretoria para a UNE, que representa mais de 7 milhões de estudantes. O mandato é de dois anos.

O Conune tem grande peso na caminhada dos estudantes brasileiros, tendo marcado a luta social em diferentes momentos da história nacional, como no caso da ditadura civil-militar (1964-1985), quando o movimento estudantil contribuiu para engrossar as fileiras dos que resistiam ao regime.

Brasil de Fato

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Dallagnol lucrou com palestras e propôs usar nome da esposa em empresa para disfarçar



Segundo diálogos analisados pelo The Intercept Brasil, procurador lucrou R$ 219 mil em 2016, ano em que denunciou Lula

O coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Paraná, Deltan Dallagnol, lucrou com a realização de palestras, montou um plano de negócios junto ao colega Roberson Pozzobom e cogitou criar uma empresa em nome das esposas para evitar questionamentos. A informação foi revelada neste sábado (14) pelo portal The Intercept Brasil, em reportagem produzida em parceria com o jornal Folha de S. Paulo.

A partir dos vazamentos, não é possível precisar o valor obtido com os eventos. O que se sabe é que em 2016, ano da denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Dallagnol faturou ao menos R$ 219 mil. Em outro diálogo, ele expõe um plano de negócios que resultaria em ganhos de R$ 400 mil.

“Vamos organizar congressos e eventos e lucrar, ok? É um bom jeito de aproveitar nosso networking e visibilidade”, disse Dallagnol em conversa com a esposa. No mesmo mês, o procurador e seu colega na força-tarefa da Lava Jato criaram um chat específico para discutir o tema, com a participação das esposas de ambos.

Em 14 de fevereiro de 2019, Dallagnol propôs que a empresa fosse aberta em nome das mulheres, e que a organização dos eventos ficasse a cargo da firma Star Palestras e Eventos para evitar questionamentos. Dallagnol alertou para a possibilidade de a estratégia levantar suspeitas: “É bem possível que um dia ela seja ouvida sobre isso pra nos pegarem por gerenciarmos empresa”. Pozzobom ironiza: “Se chegarem nesse grau de verificação é pq o negócio ficou lucrativo mesmo rsrsrs. Que veeeenham”.

Um parecer do Conselho Nacional do Ministério Público de 2017 liberou Dallagnol para seguir dando palestras, mas deixou claro que haveria irregularidade se o procurador fosse caracterizado como empresário, assumindo os riscos de lucro ou prejuízo do negócio.

Moro e Janot

Outros dois personagens da operação Lava Jato são citados na reportagem: o então juiz Sérgio Moro e o ex-procurador-geral da República (PGR), Rodrigo Janot. Nos dois momentos em que são citados, Moro e Janot são convidados por Dallagnol para palestras e eventos. Moro participou com Dallagnol em agosto de 2017 do 1º Congresso Brasileiro da Escola de Altos Estudos Criminais em São Paulo.

O diálogo com Janot, em junho de 2018, deixa claro a relação íntima entre os dois. “Oi amigo kkkkkk”, disse o ex-PGR ao ser abordado por Dallagnol, que havia escrito: "Vc faz uma faaaaaaaltaaaaa".

Os procuradores dizem que “não reconhecem as mensagens que têm sido atribuídas a eles”, que o material “não pôde ter seu contexto e veracidade comprovado” e que “palestras remuneradas são prática comum no meio jurídico por parte de autoridades públicas e em outras profissões”,

Janot, que se aposentou e hoje atua como advogado, informou via assessoria de imprensa que “prefere não comentar o conteúdo da conversa com o procurador Dallagnol”. Moro foi procurado, mas não respondeu.

A Star Palestras disse que não iria se manifestar sobre o tema, mas enfatizou que a empresa atua “observando a lei e os princípios éticos”.

- Brasil de Fato

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