22 de julho de 2011

Greve da educação no Rio de Janeiro: motivações e perspectivas

Nossa greve teve início no dia 07 de junho, aprovada em uma grande assembléia da categoria.
Iniciamos nosso movimento em meio a várias lutas empreendidas por profissionais da educação em diversas redes do país e a comoção gerada pela prisão de mais de 400 bombeiros, que em sua luta, usando uma arma legítima, ocuparam seu local de trabalho mais emblemático, seu Quartel General.
Em nossa assembléia, muitas foram as falas em solidariedade aos militares, tanto por parte dos militantes sindicais do SEPE, quanto dos próprios bombeiros.
Nossa greve foi aprovada quase que por unanimidade. A categoria massacrada em seu dia-a-dia, com salários aviltantes (um professor entra na rede ganhando R$ 610,38 e um funcionário R$ 433,00), sofrendo com turmas superlotadas, escolas caindo aos pedaços, falta de funcionários, terceirização e precarização, não teve outra alternativa. Frente a intransigência e falta de propensão à negociação do governo apelou, para esse instrumento de luta.
É importante salientar que a posse do atual secretário de educação fez recrudescer o que chamamos neoliberalismo na educação. Assumiu dizendo que para ele “...a educação é um negócio!” . Duas medidas deram o tom do que seria a tônica da gestão: implantação do Plano de Metas e aumento das gratificações dos diretores de escolas.

O Plano de Metas tem como pilar a vinculação de gratificações aos profissionais da educação a metas pré-estabelecidas pelo governo, como diminuição no número de reprovação, diminuição da defasagem idade-série e melhora dos índices do estado do Rio de Janeiro no IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) do Governo Federal. É importante frisar que no ano passado o Rio só ficou a frente do Piauí no ranking desse índice.

O aumento das gratificações dos diretores (em sua esmagadora maioria indicados por “caciques políticos” dos “currais eleitorais” onde estão localizadas as escolas) foi uma forma de comprometer ainda mais as direções de escolas com as políticas do governo.  Direções autoritárias intimidam professores para que eles preencham o Diário de Classe “virtual”, além do Diário de Classe tradicional, mentem para profissionais em estágio probatório, dizendo que serão punidos por fazerem greve, impedem que ativistas entrem nas escolas e intimidam alunos simpáticos à greve.
As intimidações não têm arrefecido o ânimo de luta da categoria. Temos protagonizado as maiores assembléias dos últimos tempos, assim como os atos de protesto mais massivos e politizados dos últimos anos.
Entramos no segundo mês da greve e por intransigência do governo, sem a perspectiva de retorno ao trabalho.

Exigimos o mínimo.
Queremos um reajuste emergencial de 26 %, que nem de longe cobre nossas perdas de décadas de governos descomprometidos com a educação.
Queremos a incorporação da Gratificação Nova Escola imediatamente e não em 6 anos como quer o governo.
Reformas das escolas se fazem necessárias.
Exigimos o descongelamento do Plano de Carreira dos funcionários administrativos.
A comunidade escolar exige eleição dos diretores de escolas, sem as indicações dos coronéis.
Paridade para os aposentados.
Só com a melhoria das condições de trabalho e aumento salarial poderemos impedir que os cerca de 2.500 professores que abandonam a rede a cada ano permaneçam nela.
Só com o retorno da carga horária de 30 tempos aos alunos, o fim da terceirização e a abertura imediata de concurso para professores e funcionários e a diminuição da quantidade de alunos por turma, começaremos a dar nova cara à educação fluminense e iniciaremos a construção de uma escola pública de qualidade para os filhos da classe trabalhadora.

ALDRACIR CASANOVA CUNHA – CICA
DIREÇÃO ESTADUAL DO SEPE/RJ
Publicado no Uni-vos

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