18 de fevereiro de 2011

Pig: A verdade sobre o Google e a suposta censura de notícias no Brasil

Por Fernando Marés de Souza*
O Estado de São Paulo, a Veja, incluindo o blog do Reinaldo Azevedo, e a Exame noticiaram hoje que o Brasil “é recordista de notícias censuradas no Google”, que o "Google foi obrigado por autoridades brasileiras a tirar do ar 398 textos jornalísticos".
Os veículos apresentam como fato que "398 matérias" foram deletadas dos servidores Google por ordem das “autoridades”. Seria um fato escandaloso se fosse verdade, mas não é.
Por motivos que não compreendo, os grandes veículos de imprensa online não “linkam” suas fontes, não permitem que o leitor vá direto ao dado original para checar por si mesmo e interpretá-lo, para inclusive levar adiante novas abordagens, como é o costume entre blogueiros independentes. Porém, fazendo uma pesquisa rápida, um "fact-check" de rotina,  facilmente se descobre que o “fato” noticiado pelos três veículos - e por mais de cinqüenta outros veículos que foram na onda dos três - não é verdadeiro.

UPDATE: Depois de ler as informações publicadas aqui, o jornalista Gabriel Manzano corrigiu parcialmente a informação equivocada do Estadão sobre Google e suposta Censura de Notícias no Brasil. Veja, Reinaldo e Exame ainda não. Mesmo corrigindo a matéria, creio que não tenha sido eficiente. Notas ao final.

UPDATE 2: O jornalismo brazuca online, do "gillette press", do "ctrl C + ctrl V", das "matérias kibadas", foi todo na onda do Manzano e os veículos publicando desinformação e fatos não verdadeiros sobre "notícias censuradas no google" já se pode contar às dezenas, no mínimo 59, incluindo G1, UOL, Zero Hora, O Estado de Minas, Portal Imprensa - clientes da Agência Estado - além de Coletiva Net, Folha de Ibitinga, Rio News, Comunique-se, D24Am, Correio do Estado, entre outras, procure no Google News "censura + google".

UPDATE 3: Veja não reconhece publicamente que disseminou informação não verdadeira mas altera texto para versão mais próxima ao texto revisado do Estadão. Considero falta de ética da Editora Abril não publicar nota de esclarecimento sobre as informações equivocadas que publicou no site durante horas e lançou no Twitter, mensagem que foi retuitada por centenas de pessoas, como documentado nesta matéria.

UPDATE 4: Um dia depois da publicação desta matéria, a Agência Estado enviou nota de correção para seus clientes online. Dois dias depois da publicação desta matéria, alguns veículos corrigiram a informação e outros seguem com a informação falsa. Balanço e análise no final do artigo.

A informação reportada é supostamente baseada em relatório elaborado pelo argentino Carlos Lauría, do Committee to Protect Journalists - que não fala em 398 "matérias jornalísticas", e sim "conteúdos online" - informação que por sua vez é baseada em relatório público do próprio Google, que pode ser facilmente acessado e “linkado” pela URL: http://www.google.com/transparencyreport/governmentrequests/?p=2010-06&r=BR&t=DETAIL

Pois bem, abaixo está o screenshot do relatório. Segundo os dados publicados pelo Google nenhuma “notícia” ou "matéria" foi censurada ou retirada do site (Google News = 0), o número expressivo de 398 pedidos de remoção de conteúdo dos servidores Google é formado por páginas do Orkut (99 pedidos de remoção por ordens judiciais e 220 extra judiciais, num total de 319), vídeos do Youtube (47 pedidos no total), fotos do Picasa (1 pedido), etc. As remoções são baseadas na legislação brasileira de direito de propriedade intelectual, de privacidade, de personalidade, ou outros conteúdos ilegais como pornografia infantil. Nada tem a ver com censura, como bradam os jornalistas desinformados.

*do Roteiro de Cinema News 

5 comentários:

  1. Fonte original: http://roteironews.blogspot.com/2011/02/verdade-sobre-o-google-e-censura-de.html
    Texto de Fernando Marés de Souza que já se encontra mais atualizado

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  2. Fernando Marés de Souza, me perdoe o erro. Não percebi, na pressa de publicar o artigo, que achei muito bom, a fonte que o Rui disponibilizou com letras mais claras e alaranjadas. Vou corrigir agora o meu erro e lhe peço desculpas.

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  3. Tem pobrema não Luiz. O TEU erro eu perdoô fácil, hahaha...

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  4. Parabéns pelo esforço! Caçar um boato nunca é fácil, principalmente na velocidade em que são veiculados... É necessário que existam pessoas, blogs, portais, etc... comprometidos com a verdade e não com a histeria generalizada que certos venenos produzem!

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  5. Italo Pirez, é isso aí, e devemos agradecer ao excelente trabalho do Fernando Marés de Souza que foi quem pôs por terra no seu blog, os boatos infundados e veiculados pelo nosso conhecido Pig. Democratizar a comunicação se faz urgente e deve ser a nossa missão.

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