18 de janeiro de 2019

Inez Lemos: "A classe trabalhadora precisa descer do inferno, voltar a ter dignidade."


O MOMENTO É DE FORTALECER O CONCEITO "TRABALHO".

Há anos o PT sofre ataques infundados, ataques maldosos com o único propósito de desqualificar seu sentido. Ele surge pelas mãos de Lula, o maior líder sindical que o Brasil produziu. Sua história é para ser lida de joelhos, tanto que se transformou em tese de doutorado e publicado: "Lula, o filho do Brasil", de Denise Paraná.
Contudo, Lula, ao criar o PT, na verdade ele estava criando o mais amplo projeto social brasileiro. Um olhar aos negativos sociais, aos excluídos, às domésticas que sempre foram exploradas pelos patrões brancos, exploração de cama e mesa. Aos jovens sem perspectivas, ao trabalhador de poucos direitos. "O maior feito do marxismo foi dar dignidade aos trabalhadores". Frase que desde o mestrado guardo como testemunha de meu voto sempre a favor deles. Sim, ser marxista é uma escolha, e como toda escolha tem suas consequências. Nasci revoltada com a desigualdade social, fui estruturada na injustiça. Sofri na pele o machismo, diário.
Sou a primeira mulher depois de 5 machos. Nasci no sertão paulista, filha de fazendeiro, lugar onde a elite do atraso firmou seus castelos. Minha sorte é que meu pai não era um capitalista convicto, em seu inconsciente cochilava resíduos de remorso, culpa por ter nascido em berço de coronel. Impossível para uma jovem viver nessas terras. Com 18 anos abandonei a mordomia burguesa e fui estudar fora de minha cidade. Escolhi Minas, e acabei na Fafich estudando história. Em 1982 entrei para o PT.
Sim, lá me lambuzei com o que o pensamento progressista tinha de melhor: Foucault, Chaui, Florestan, Helio Pellegrino, Weffort, entre tantos outros pensadores de esquerda. Ler Marcuse e Engels eram nossos troféus de sedução - mulheres cabeça. Foi essa onda que me levou... fui nela e nela só me aprofundei. De Marx acabei em Freud e seus seguidores. Mas o que importa é testemunhar que o que salvou a jovem angustiada foram as pegadas dos grandes intelectuais de esquerda. Portanto, não podemos compactuar com o massacre aos intelectuais, aos pensadores, ao marxismo. A banalização do pensamento vai acabar com a vida inteligente e nos jogar na vala do fundamentalismo obscuro e reacionário. Não, temos que resistir à tendência medíocre e suicida da direita tacanha, tosca e criminosa. Salvar o PT é salvar o significante Trabalho, é apostar na vida cunhada na ética, na solidariedade, no respeito ao cidadão de direitos e não de privilégios. É escolher o lado onde estão as pessoas que valorizam mais o ser que o ter, o sentir que o consumir, a convivên cia interpessoal, o contato verdadeiro ao virtual. Marx nos alertou sobre a alienação, o fetiche da mercadoria. Freud soube aproveitar a dica e estendeu o conceito à condição humana, somos seduzidos por vários fetiches. Todo sujeito tem suas fantasias, e a minha sempre foi lutar por justiça. Fantasiar é desejar com o inconsciente. E o meu apontava sempre para o social. Portanto, o PT foi atacado pelo que ele prometia, tentar diminuir a crueldade do Brasil coronelista, dos senhores brancos e opressores, com os descabidos desumanos. Não, a esquerda não vai mais cochilar, não vai mais abandonar os ditames do velho Marx, tampouco deixar morrer o sonho do nosso querido Lula, nosso líder maior. A classe trabalhadora precisa descer do inferno, voltar a ter dignidade. Ela foi iludida, trapaceada. Tenhamos senso histórico e continuemos a ajudá-la a se emancipar novamente. Somente trazendo-a junto a nós iremos vencer essa guerra podre. A profecia revolucionária é o Trabalho saber fazer o Capital respeitá-lo e valorizá-lo.
Bora lá...restaurar o significante Trabalho.

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