7 de maio de 2018

Ofensiva Imperialista Mundial e Golpe Institucional no Brasil


Os Novos Conquistadores

A operação estadunidense avança através da Europa, Ásia, África e alcançou vitórias amplas e estratégicas na América Latina. Na recuperação do domínio sobre a América Latina, o imperialismo ianque se serviu de variados meios, com destaque para golpes apoiados nos parlamentos e, eventualmente, em mobilizações populares contra a “corrupção” - [Honduras, 2009; Paraguai, 2012; Brasil, 2016]; em eleições [Argentina, 2015, Chile, 2017]; em estelionato eleitoral [Lenin Moreno, Equador, 2017], etc. Atualmente, apenas Cuba, o Uruguai, a Nicaragua [sob duro ataque] e alguns outros poucos países escapam ao domínio imperialista direto ou indireto. A grande vitória foi a conquista parcial da Argentina [onde Cristina Kirchner está sendo “denunciada” por corrupção] e o domínio quase total do Brasil. Esse controle, somado ao já mais antigo exercido sobre o México, Colômbia e Peru, permitem que o imperialismo impere sobre a América Latina, tendo como oposição apenas o movimento social e o mundo do trabalho, muito enfraquecidos nos últimos tempos.

No início de 2018, Rex Tillerson, ex-secretário de Estado dos USA, antes de iniciar visita ao México, Argentina, Peru e Colômbia, pronunciou-se sobre “novas potências imperialistas” que estariam avançando sobre a América Latina, com a pronta resposta do Ministério de Assuntos Exteriores chinês. A China é o principal parceiro comercial da Argentina, Brasil, Chile e Peru, sobretudo devido à compra de matérias-primas desses países. O acelerado avanço do imperialismo ianque na América Latina permitiu isolar e cercar a Venezuela e Cuba; apoderar-se de recursos energéticos nacionais, relançar a rapina financeira, por fim nos fatos ao BRICs, etc. Ele permitirá impedir sobretudo grandes operações econômicas da China nessa região, fundamentais para a exportação de seus capitais e abastecimento seguro de matérias primas.

A grande vitória do imperialismo na América Latina foi certamente o golpe institucional de 2016 no Brasil. Como em outras regiões do continente, essa derrota histórica foi facilitada por governos populistas sociais-liberais que, aproveitando-se do período de expansão do comércio mundial, governaram sem nenhuma ruptura com o grande capital e sem promover qualquer reforma estrutural dos seus países em favor dos trabalhadores e da população. Empreenderam gestões de viés social-liberal, com limitadas compensações às classes populares, contribuindo ativamente para a desmoralização da esquerda e desorganização do movimento social e sindical. Como nos partidos conservadores profissionais, seus políticos serviram-se comumente dos bens públicos para financiar as campanhas e para proveito pessoal.

No Brasil em geral, as organizações de esquerda insistem em ver o golpe, empreendido sob a direção direta do imperialismo, como um conluio do conservadorismo interno, algo possível de ser superado após alguns sobressaltos e penas. Negam-se a compreendê-lo como um ataque externo direto e permanente à própria independência nacional do país, com o projeto de reestruturação geral da nação segundo às necessidades do grande capital. Domina fortemente a esquerda o esforço de salvar o possível de suas posições parlamentares e sindicais, sem arriscar-se a um confronto direto com a nova ordem em construção. Registrando a debilidade política, social e ideológica da esquerda, como em outras regiões do mundo, organizações reivindicando-se socialistas e marxistas não apenas negaram, como apoiaram e seguem apoiando o golpismo.

Não raro, há décadas, essas organizações colaboram ativamente com o imperialismo. Apoiaram o extremismo islâmico contra a revolução afegã e a contra-revolução do Solidariedade na Polônia. Celebraram a destruição da URSS, o bombardeio da Iugoslávia, as revoluções de “veludo” nos Estados operários. Festejaram a destruição do Estado nacional iraquiano e líbio. Sustentaram e sustentam a ofensiva imperialista na Síria, na Venezuela e contra Cuba. Em geral, apresentam o apoio às operações imperialistas como defesa de revoluções imaginárias contra ditadores e ditaduras. No Brasil, organizações como o PSTU; o MES, de Luciana Genro; a CST, do ex-deputado Babá, negaram o golpe em marcha, defenderam os instrumentos judiciários utilizados pelo imperialismo [Lava Jato, etc.]; denunciaram a luta em defesa da institucionalidade contra o golpismo; negaram o caráter político do julgamento, condenação e prisão de Lula da Silva. Contribuíram ativamente para a “maior astúcia do Diabo imperialista”, que é o esforço para fazer a população e os trabalhadores acreditarem “que ele não existe”.

Minuciosamente Planejado

No Brasil, a operação golpista foi longa e cuidadosamente planejada pelas centenas de analistas de órgãos estadunidenses como a CIA, NSA, Departamento de Estado, etc.. Implementada através de “revolução de veludo” contra a “corrupção petista”, o golpe teve como instrumentos fundamentais a Justiça e o Parlamento, já totalmente nas mãos do conservadorismo. Para tal, foi necessário a aprovação ou adaptação às suas necessidades de leis e instrumentos jurídicos como a “Condução Coercitiva”; a “Lei da Ficha Limpa (LeiComplementar nº. 135 de 2010); a “Delação Premiada”, embutida na Lei de Organizações Criminosas (Lei 12.850/2013); o princípio da “Presunção de Culpa”, sem comprovação do crime, etc. Essa operação, que coloca nas mãos da justiça burguesa golpista a sorte de todo e qualquer político ou cidadão, segue sendo ampliada, com instrumentos como o fim do “Foro Privilegiado”, que permitirá cassar e aprisionar qualquer político que não se submeta à nova ordem.

Para essa operação, lançada com o “Mensalão”, foi necessário cooptar, treinar, seduzir, corromper e instruir centenas de delegados, de procuradores e de juízes, dos quais Joaquim Barbosa, Sérgio Moro, Deltan Dallagnol, Raquel Dodge, Rodrigo Janot são apenas os protagonistas excelentes, sacralizados pela mídia. Em geral todos eles conservadores, já estavam predispostos para a operação. Um processo que contou com o pleno apoio da ampla maioria dos membros STF. A operação não teria sido possível sem a cooperação ativa com o imperialismo da grande mídia nacional, com destaque para a Rede Globo e os jornais Folha de São Paulo e Estado de São Paulo, que desempenharam papel basilar no movimento golpista. Os guardas pretorianos da operação, até há pouco silenciosos, foram os altos oficiais das forças armadas, que hoje passam a desempenhar papel barulhento e de destaque, na nova ordem em instituição. O parlamento conservador, organizado segundo interesses privados corporativistas, sancionou e legalizou a operação.

Enganam-se aqueles que vem na ação imperialista apenas uma operação visando consolidar o caráter neocolonial do Brasil e das outras nações americanas. Trata-se de iniciativa nova e muito mais ambiciosa, imprescindível ao capitalismo em sua idade senil. Pretende-se construir uma nova dependência “global-colonial”, com a dissolução tendencial da própria autonomia das classes dominantes sobre os seus respectivos países. Realidade já consolidada em algumas nações. No Equador, o dólar é a moeda nacional, há muito! O Estado nacional nasceu com a produção capitalista nacional. A necessidade da exteriorização capitalista criou o colonialismo, o imperialismo e o neocolonialismo. Se o capital globalizado monopolar dominar mundialmente, imporá nova ordem em que o cidadão nacional, no sentido político do termo, desaparecerá para dar lugar apenas a produtores e consumidores de mercadorias fortemente internacionalizados.
Publico aqui apenas o trecho final do artigo, em que o autor se refere mais especificamente ao Brasil. Leia o artigo completo no Diário Liberdade

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