Bastou ler ou ouvir o noticiário veiculado neste sábado, para constatar
que, desde a Era Getúlio Vargas, um cartel midiático formado por jornais, revistas, emissoras de rádio e de TV alinhados a
Washington, monta guarda contra o avanço das forças progressistas no
país.
A denúncia da candidata petista, não deixou dúvidas
quanto à existência de uma espécie de partido político, formado pela
mídia patronal, que divulga, em uníssono, as denúncias sem provas de um
diretor corrupto e um doleiro marginal – ambos criminosos confessos –
contra o seu governo.
A denúncia de que há golpe contra a democracia brasileira em
marcha, promovido por setores da extrema direita que controla os
principais diários e concessões públicas de rádio e TV no país, subiu
neste sábado às manchetes dos jornais acusados, na tangente, de promover
a tentativa de derrubada do governo. A denúncia da presidenta da
República e candidata petista à reeleição, Dilma Rousseff, reforçada por
declarações no mesmo sentido do governador gaúcho Tarso Genro (PT) e de
um dos seus coordenadores de campanha Miguel Rossetto, não mereceu uma
linha sequer no noticiário internacional, seja nos jornais alinhados ao
espectro da direita norte-americana, seja na mídia da esquerda francesa,
britânica e alemã. O assunto também mergulhou na internet brasileira,
nas últimas 24 horas, reduzindo-se a alguns pitacos em blogs e comentários resumidos nas redes sociais.
Para chegar à conclusão que um movimento desse naipe segue firme na
intenção de apeá-la do poder, no entanto, a presidenta Dilma não
precisou contar com os préstimos de seu serviço de Inteligência ou
apelar aos organismos de segurança. Bastou ler as manchetes dos mesmos
diários, que neste sábado consignaram suas denúncias, para constatar
que, desde a Era Getúlio Vargas, um cartel midiático formado por aqueles
mesmos jornais, revistas, emissoras de rádio e de TV alinhados a
Washington, monta guarda contra o avanço das forças progressistas no
país. Tal constatação, porém, não impediu o governo petista de carrear
bilhões de reais aos cofres destas mesmas organizações que agora,
durante a crise do capitalismo mundial, dependem mais do que nunca do
patrocínio estatal para cobrir suas despesas.
Passadas 24 horas da denúncia presidencial, os veículos de comunicação ligados ao “golpe”
seguiram veiculando, normalmente, a publicidade estatal que é,
atualmente, uma das maiores fontes de recursos para esse tipo de mídia.
Não houve, segundo o Correio do Brasil apurou junto aos
principais meios de comunicação conservadores – acusados de
cumplicidade na tentativa de interrupção do processo democrático no país
– qualquer movimento por parte da secretaria de Comunicação Social da
Presidência da República, de suspensão dos contratos publicitários ou da
veiculação de propaganda federal. O Núcleo de Mídia da Presidência da
República, procurado pela reportagem do CdB, não respondeu aos telefonemas.
A denúncia da candidata petista, por sua vez, não deixou dúvidas
quanto à existência de uma espécie de partido político, formado pela
mídia patronal, que divulga, em uníssono, as denúncias sem provas de um
diretor corrupto e um doleiro marginal – ambos criminosos confessos –
contra o seu governo.
– Eles sempre querem dar um golpe – refletiu a presidenta, referindo-se aos adversários do PSDB e aos donos dos meios de comunicação ligados ao partido.
Para a mandatária, o vazamento das denúncias, em plena campanha, prova que “estão mesmo dando um golpe eleitoral”.
– Quem começou essa investigação fomos nós, enquanto eles tinham um
filiado ao PSDB na chefia da Polícia Federal e um procurador-geral que
era o engavetador geral da República. Nós não concordamos com o uso
eleitoreiro de processos de investigamos que nós começamos. Nós
desenvolvemos. Porque a Polícia Federal passou a ser um órgão de
investigação a partir dos nossos governos – defendeu-se Dilma.
E prosseguiu:
– Quem era nos últimos quatro anos do PSDB, quem era o diretor-geral
da Polícia Federal? Era aparelhado, era um militante filiado do PSDB.
Eles aparelharam a Polícia Federal. Por isso a Polícia Federal
investigou pouco, descobriu pouco, prendeu pouco.
Depois, bateu pesado na oposição e na mídia conservadora:
– Eles destilam ódio. Eles destilam mentiras. Nós temos que responder com a verdade e a esperança.
Conspiração
Se a candidata petista havia deixado alguma dúvida quanto à ação da
mídia conservadora na tentativa de um golpe na democracia brasileira, o
governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT) foi mais direto. Em
sua conta pessoal no Twitter, apontou uma “conspiração política em curso
para manipular a vontade eleitoral no segundo turno”. Genro afirmou que
a campanha Dilma deve reagir e denunciar o golpismo midiático que
embala “essa conspiração”.
E acrescentou:
“Acusações sem provas à beira da eleição, feita por ladrão confesso é
manipulação do processo eleitoral com ajuda da mídia que protege
Aécio”.
Para o governador gaúcho, novo caso envolvendo a Petrobras foi
preparado para estourar agora, reforçar Aécio, abafar o caso do
aeroporto envolvendo o candidato tucano e esquecer o episódio da compra
de votos para a reeleição de FHC.
Manchetes
Para o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário, que deixou o cargo
para coordenar a campanha da presidenta Dilma, o caso é ainda mais
sério.
“Está em curso uma gravíssima tentativa de manipular a eleição
presidencial no Brasil. A quinze dias das eleições, justamente no dia do
primeiro programa eleitoral do segundo turno, um vídeo de um criminoso
investigado é vazado de forma parcial e mal intencionada. O que diz
neste vídeo? Que o preso ouvia nos corredores da Petrobrás que o PT se
beneficiaria de dinheiro de contratos da empresa. Quais as provas que
apresenta? Nenhuma! Quais os casos concretos que relaciona? Nenhum!”,
exclama o ministro, em recente artigo divulgado na mídia independente.
“Baseado nisto, num fragmento de depoimento de um presidiário que
relata boatos, a grande imprensa estampa manchetes de brutais ataques ao
PT. Manchetes que negaram sistematicamente no caso do Metrô Paulista do
PSDB com um desvio bilionário descoberto em uma investigação
internacional”, aponta Rossetto, referindo-se ao escândalo internacional
que envolve as empresas Alstom e Siemens no pagamento de propina a
altos executivos do governo paulista, ligados aos tucanos.
Mesmo sem qualquer atitude imediata, diante dos fatos expostos pela
presidenta Dilma Rousseff, e o governador Tarso Genro, o coordenador da
campanha Miguel Rossetto afirma que “é preciso dar um basta a este tipo
de política. Fazem isto porque não podem discutir com o povo suas
propostas para o País. Propostas que geram desemprego, recessão e
privatização como sempre fizeram quando estiveram no poder”.
Como nenhum veículo de comunicação foi citado, diretamente, os
jornais, rádios e emissoras de TV procurados pela reportagem do Correio
do Brasil preferiram não fazer qualquer pronunciamento acerca das
denúncias.
Você pode ler também:
“Tentativa de interferência na disputa eleitoral”
Com informações do Correio do Brasil
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