13 de julho de 2019

Estudantes ocupam Esplanada dos Ministérios


Estudantes terminam protesto pacífico em clima de celebração na Esplanada
Foto: Mateus Alves/ Cuca da UNE

Milhares de estudantes participaram da passeata por mais educação, emprego e em defesa da aposentadoria


O Brasil se uniu pela educação e contra a reforma da previdência na manhã desta sexta-feira (12) de muito sol e calor em Brasília.
A Esplanada dos Ministérios foi ocupada por cerca de 50 mil estudantes que participaram da passeata pacífica da UNE “ Educação, emprego e aposentadoria”, atividade do 57º Congresso da entidade que vai até domingo.

Vindos de diversos rincões do Brasil a maioria nunca tinha estado tão perto da Praça dos Três Poderes, mas sabia bem o que estava fazendo ali.
A estudante de direito da Unifap, Mariela Pereira, era uma delas. Para ela a expectativa de chegar a capital federal foi grande até mesmo pela distância: um dia todo de barco e mais dois de ônibus para vir de Macapá (AM) até o Distrito Federal.
E qual o grito que estava preso na garganta para reivindicar nas portas do Congresso Nacional?

Mariela é amapaense e estudante de direito Foto: Murilo Abreu

“É o Norte no topo! A gente quer ser visto, nós somos amazônidas, somos mulheres e homens de muita luta e estamos aqui para voltar os olhos para o Norte que é esquecido e invisibilizado.
A educação é muito importante e por isso nós estamos representando a educação do Norte que tem uma perspectiva diferente, demandas diferentes”, ressaltou.
Ela explica que por ser uma universidade periférica a Unifap já recebe poucos recursos e que desde setembro de 2017 estava ameaçada de fechar as portas. O problema maior é com o terceirizados da prestação de serviços e as bolsas de assistência estudantil.
Mariela é delegada e afirma que “este Congresso da UNE é o mais importante desde a redemocratização de grande enfrentamento porque este é o primeiro governo de direita declaradamente contra os direitos dos trabalhadores, dos estudantes e das minorias”.

Amanda também estava conhecendo Brasília pela primeira vez
Foto: Murilo Abreu


Já Amanda de Oliveira, estudante técnica em Meio Ambiente no IF em Macaé conta que estava receosa de participar da manifestação na Esplanada dos Ministérios devido aos tempos ameaçadores, mas gostou da oportunidade.
“Todo mundo sabe o que tem acontecido nesse país que nossos direitos estão indo só ladeira abaixo. Acho que a gente enquanto jovem tem que lutar pelo nosso futuro e nossa educação”, afirmou.
Ela conta que com os cortes do governo Bolsonaro em 30% do orçamento da educação o Instituto dela declarou que só poderia cumprir os compromissos financeiros até Outubro. “Afeta a gente diretamente e vai pegar não é no nosso bolso, ou no nosso lazer, é no nosso direito que é a educação”.

PRESENÇA MARCADA NA LUTA

Rafael Brito, estudante de administração da UFPE, também a primeira vez no planalto central destacou que é importante todo o país se mobilizar para defender os direitos e a educação, bem como não deixar passar essa reforma da Previdência. Ele veio gritar “ Fora Bolsonaro, uma pessoa que nem deveria ter entrado no poder”.
Para ele as mobilizações tem que se intensificar. “Eu sei que é muito complicado mobilizar em nível nacional, mas acho que a gente tem que fazer isso mais vezes, é importante para a gente marcar presença e construir um movimento que seja cada vez mais crescente”.

Rafael é estudante da UFPE e acredita que é necessário mais mobilizações nacionais
Foto: Murilo Abreu


O estudante de história da UNEB, no sul da Bahia, Mateus da Silva defendeu que a juventude sofre muito no Brasil atual. “Sofremos muito com violência, repressão, e estamos aqui para defender nossos empregos também e a nossa qualidade de vida”.
Ele afirma que na Uneb, apesar de receber verbas do Estadual, a situação de cortes e contingenciamento é a mesma. Para ele o grito entalado na garganta era exigindo respeito. “ Os LGBTs, a periferia, os negros e as negras, somos tão gente quanto qualquer um, nos respeitem e nos ouçam!”.

Mateus é estudante de história de uma universidade estadual, que também sofre com falta de verbas
Foto: Murilo Abreu


Lourrana Santos, da Unifespa, no Pará, cursa História e diz que está aqui justamente para mudar o curso da história do Brasil.
”Eu como estudante de universidade pública e carente entendo a importância de estar aqui. Não podemos deixar passar esses retrocessos. O Conune e essa passeata estão sendo importantes pois são espaços para mostrarmos a nossa força como juventude”, destacou.

A estudante paraense Lourrana Santos 
Foto: Yuri Salvador

Do alto do carro de som, a presidenta da UNE Marianna Dias transmitia o mesmo sentimentos da estudantada a sua volta.
“As atrocidades que o governo vem cometendo pelo Brasil não serão feitas sem que haja resistência do nosso povo. Estamos aqui para gritar por liberdade, por direitos e por nossos sonhos.
Estamos aqui para lutar pela oportunidade de termos uma vida melhor e é por isso que o movimento estudantil, as centras sindicais e os movimentos sociais estão de mãos dadas”, destacou.

Marianna Dias comanda uma de suas últimas manifestações como presidenta da UNE

UNE 

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Governo Bolsonaro inicia a privatização das Universidades Federais

O ministério da falta de Educação do governo Bolsonaro prepara para a semana que vem o lançamento de um programa de cobrança de mensalidades e da desobrigação do custeio federal das universidades públicas. É a privatização da educação.
O nome do programa é Future-se. O objetivo é alcançar a “autonomia financeira” de universidades. Ou seja, as instituições que se virem. A cobrança de mensalidades é o primeiro passo dessa “autonomia”.
Foi o próprio secretário de Educação Superior do Ministério, Arnaldo Barbosa de Lima Júnior, quem adiantou as bases do projeto.  - Blog do Esmael

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