
O carnavalesco da escola, Jack Vasconcelos, já havia antecipado a homenagem a Lula. “Vocês que fazem parte dessa massa irão conhecer um mito de verdade: nordestino, barbudo, baixinho, de origem pobre, amado pelos humildes e por intelectuais, incomodou a elite e foi condenado a virar símbolo da identidade de um povo. Um herói da resistência!”.
O bode ao qual se refere a letra é o bode Ioiô, personagem real das ruas de Fortaleza, onde chegou pelas mãos de um retirante que fugia de uma grande seca no interior cearense, em 1915. Carismático e popular, Ioiô perambulava pelas ruas da capital. Fazia diariamente o mesmo trajeto, da Praia do Peixe (hoje Praia de Iracema) à Praça do Ferreira; ao cair da tarde, voltava pelo mesmo caminho — daí o nome Ioiô. Fez muitos amigos, entre eles poetas e intelectuais, com os quais levava uma vida boêmia regada a muitas doses de cachaça. No auge da fama, Ioiô foi eleito para a Câmara de Vereadores, em 1922 — tempo em que as cédulas eram pedaços de papel escritos à mão –, mas levou um "golpe" da elite fortalezense e teve sua eleição impugnada. É no paralelismo entre o bode e Lula que está a marca da poética dos compositores Cláudio Russo, Moacyr Luz, Dona Zezé, Jurandir e Aníbal.
Ao fim do desfile, a plateia pediu Lula Livre. Confira:
Brasil 247
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