20 de fevereiro de 2019

Segure o novo escândalo na mão antes que ele voe

Geraldo Magela/Agência Senado
Finalmente as investigações da Lava Jato estouram a barragem que represou durante mais de uma década os desvios milionários no esquema de corrupção envolvendo o operador do PSDB paulista, Paulo Preto. A lama deve levar com ela políticos de alta plumagem, começando por Aloysio Nunes Ferreira, ex-líder estudantil, ex-vice governador, ex-senador e ex-ministro de Temer. O lamaçal deve alcançar em breve ex-governadores e figuras ilustres do tucanato. Em 2016 participei de uma entrevista com o então senador Aloysio Nunes. Ele estava nervoso, inquieto, e defendia o impeachment de Dilma de uma maneira exagerada, me passou a nítida impressão que havia outros motivos para tanto empenho. Talvez conter a sangria da Lava Jato, como disse Romero Jucá naquele mesmo ano. Com a constatação de que Aloysio ganhou um cartão de crédito para utilizar recursos da conta de Paulo Preto na Suíça – uma conta que recebeu cerca R$ 1,2 bi da Odebrecht – fica mais fácil entender os reais motivos que levaram o senador do PSDB a defender com tanto ardor o afastamento da presidenta.

Já faz tempo que dizem que o esquema montado pelo ex-diretor da Dersa em obras em estradas e rodovias alimentaram contas em paraísos fiscais de governadores que passaram pelo Palácio dos Bandeirantes. Um político conhecido nacionalmente me disse em off que Alckmin estava preocupado em ter colaboradores de seu governo envolvidos nas falcatruas de Paulo Preto. Mas o ex-governador que de fato teve seu nome envolvido com Paulo Preto é o senador José Serra, que desde o impeachment de Dilma anda sumindo do noticiário.

O interessante é que esta prisão de Paulo Preto e o mandado de busca e apreensão contra Aloysio Nunes por participar de esquema de lavagem de dinheiro vem no dia seguinte à demissão do Secretario Geral, Gustavo Bebiano, acusado de participar de esquema de laranjas para desviar dinheiro público para campanha do PSL. A crise do laranjal durou mais de uma semana e sai do noticiário para dar lugar a uma ação espetacular da Lava Jato. Será que foi apenas uma coincidência ou Sergio Moro pediu ajuda aos antigos colegas do Paraná para tirar Bolsonaro da berlinda?

Recentemente as denúncias do envolvimento de Flávio Bolsonaro com ex-PMS ligados às milícias do Rio de Janeiro também saíram do noticiário, mas por obra do acaso: o rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho. O capitão ganha mais uma trégua sem dar explicações convincentes sobre as acusações que foram feitas a ele e aos filhos. Uma delas é o deposito de 24 mil reais feita por Queiroz na conta da primeira-dama, Michelle. Bolsonaro protagoniza o início de governo mais tumultuado da história da República. E ninguém sabe quando e como será a próxima crise provocada pelos filhos e assessores.

Enquanto isso, Lula recebe mais uma condenação sem provas materiais e continua preso com novas restrições de visita na cela que ocupa na PF de Curitiba. Fica a dúvida: será que a Lava Jato vai mesmo colocar tucanos na cadeia ou foi tudo jogo de cena e amanhã Paulo Preto e seus comparsas estarão soltos? Depois de 48 dias de crises, o capitão sai das cordas e ganha uma trégua, mas com este ministério e com os filhos interferindo no governo a próxima crise não deve tardar.
Por Florestan Fernandes Jr, para o Jornalistas pela Democracia

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