O ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, do PT, foi condenado sem provas na última quarta-feira (12). A
condenação de Lula é mais uma etapa do golpe, conforme antecipado por
este jornal em inúmeras oportunidades nos últimos anos. A direita ligada
ao imperialismo precisa operar uma mudança no regime político para
viabilizar ataques sem precedentes contra os trabalhadores.
Para sustentar essas mudanças no
regime político, é necessário esmagar as organizações da classe
trabalhadora, começando pelo maior partido de esquerda do Brasil e pela
liderança política mais popular do País. Esse é o principal papel da
operação Lava Jato, mais importante que a própria sabotagem contra a
economia nacional. Lula estava destinado a ser condenado mesmo sem
provas. Pior ainda, mesmo provando sua inocência acabou condenado.
Condenação sem provas
Sérgio Moro, o “Mussolini de
Maringá”, juiz da 13ª Vara Federal da Justiça Federal do Paraná,
sentenciou Lula a 9 anos e 6 meses de cadeia. Lula teria recebido
propina, segundo Moro, por meio de um triplex no Guarujá. A imprensa
burguesa alardeia que Moro teria apresentado “provas documentais” e
“provas testemunhais”, tomando o cuidado de não entrar em detalhes. A
que “provas documentais” e “provas testemunhais” se referem?
As “provas documentais” são, entre
outras do mesmo quilate, um contrato não assinado, comprovantes de
pagamentos em um pedágio e, pasmem!, uma reportagem do Globo.
Ou seja, não provam nada. A defesa de Lula demonstrou que o apartamento
sequer chegou a pertencer ao ex-presidente. Já as “provas testemunhais”
incluem a palavra de delatores feitos reféns da Lava Jato, detidos sem
saber por quanto tempo, e tendo oferecidos a eles acordos de delação
premiada. Não há malas de dinheiro, contas na Suíça, filmagens
comprometedoras, nada.
O muro é Moro
Diante da arbitrariedade da
condenação de Lula, não há como ficar em cima do muro. A única posição
possível é ficar contra a condenação e a prisão de Lula, ou apoiar a
sentença de Sérgio Moro, seja pelo apoio explícito ou pela omissão. Da
parte de partidos e organizações de esquerda, omitir-se em momentos como
esse é uma política criminosa, que configura uma frente com a direita e
com Moro.
Nesse quadro, o Movimento Esquerda
Socialista (MES), corrente do Psol comandada por Luciana Genro,
candidata à presidência pelo partido em 2014, divulgou uma nota,
intitulada “Sobre a condenação de Lula”, que reforça a campanha da
direita contra o PT. O MES não condena a perseguição política contra o
PT, não denuncia o arbítrio da sentença de Moro, não chama à luta contra
o golpe.
O MES usa a sentença de Moro para
chamar os “setores do povo” que “ainda” apoiam Lula, que: “rompam
definitivamente com o lulismo”. A corrente de Luciana Genro inclusive
continua ecoando a campanha da direita “contra a corrupção”, uma
armadilha golpista demagógica, que não tem nada a ver com corrupção.
Um dia depois da condenação, na quinta-feira (12), o PSTU também se manifestou, em um texto
com o seguinte título: “Por que Lula chegou a essa situação?” À parte a
repetição de argumentos tratados neste jornal em várias oportunidades
para justificar o apoio do PSTU à direita golpista em sua ofensiva
contra o PT, o PSTU explicita sua frente com a direita e Sérgio Moro com
o seguinte chamado: “não é tarefa da classe trabalhadora nesse momento,
de modo algum, fazer ou participar de atos em defesa de Lula”.
Tanto PSTU quanto MES procuram
disfarçar suas posições apresentando-se como neutros diante da
perseguição a Lula. Tal posição não é possível. Não denunciar Moro é
apoiar Moro. O PSTU compara Lula a Rafael Braga para dizer que o estado
de exceção sempre existiu e por isso a Lava Jato não deveria ser
denunciada. Não denunciar a Lava Jato não levará à liberdade para Rafael
Braga. Pelo contrário, o estado de exceção está sendo ampliado. Se Lula
for preso, Rafael Braga não será solto. Ficarão presos Lula e Rafael
Braga, e o PSTU, assim como o MES, se recusa a lutar contra o estado de
exceção.
Tanto o MES quanto o PSTU acusam o PT
de ter feito um governo conciliador. Ora, o MES fez parte do governo
conciliador no primeiro mandato de Lula, e o PSTU apoiou Lula nas
eleições em 2002, durante o segundo turno. Todos sabiam que era um
governo conciliador, todos conheciam o vice de Lula. Em qualquer caso,
Sérgio Moro não condenou Lula porque Lula é conciliador. O PT está sendo
perseguido porque é um obstáculo para o programa neoliberal. O MES e o
PSTU decidiram apoiar essa perseguição.
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