16 de julho de 2017

Condenação de Lula: não existe meio termo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, foi condenado sem provas na última quarta-feira (12). A condenação de Lula é mais uma etapa do golpe, conforme antecipado por este jornal em inúmeras oportunidades nos últimos anos. A direita ligada ao imperialismo precisa operar uma mudança no regime político para viabilizar ataques sem precedentes contra os trabalhadores.

Para sustentar essas mudanças no regime político, é necessário esmagar as organizações da classe trabalhadora, começando pelo maior partido de esquerda do Brasil e pela liderança política mais popular do País. Esse é o principal papel da operação Lava Jato, mais importante que a própria sabotagem contra a economia nacional. Lula estava destinado a ser condenado mesmo sem provas. Pior ainda, mesmo provando sua inocência acabou condenado.

Condenação sem provas

Sérgio Moro, o “Mussolini de Maringá”, juiz da 13ª Vara Federal da Justiça Federal do Paraná, sentenciou Lula a 9 anos e 6 meses de cadeia. Lula teria recebido propina, segundo Moro, por meio de um triplex no Guarujá. A imprensa burguesa alardeia que Moro teria apresentado “provas documentais” e “provas testemunhais”, tomando o cuidado de não entrar em detalhes. A que “provas documentais” e “provas testemunhais” se referem?

As “provas documentais” são, entre outras do mesmo quilate, um contrato não assinado, comprovantes de pagamentos em um pedágio e, pasmem!, uma reportagem do Globo. Ou seja, não provam nada. A defesa de Lula demonstrou que o apartamento sequer chegou a pertencer ao ex-presidente. Já as “provas testemunhais” incluem a palavra de delatores feitos reféns da Lava Jato, detidos sem saber por quanto tempo, e tendo oferecidos a eles acordos de delação premiada. Não há malas de dinheiro, contas na Suíça, filmagens comprometedoras, nada.

O muro é Moro

Diante da arbitrariedade da condenação de Lula, não há como ficar em cima do muro. A única posição possível é ficar contra a condenação e a prisão de Lula, ou apoiar a sentença de Sérgio Moro, seja pelo apoio explícito ou pela omissão. Da parte de partidos e organizações de esquerda, omitir-se em momentos como esse é uma política criminosa, que configura uma frente com a direita e com Moro.

Nesse quadro, o Movimento Esquerda Socialista (MES), corrente do Psol comandada por Luciana Genro, candidata à presidência pelo partido em 2014, divulgou uma nota, intitulada “Sobre a condenação de Lula”, que reforça a campanha da direita contra o PT. O MES não condena a perseguição política contra o PT, não denuncia o arbítrio da sentença de Moro, não chama à luta contra o golpe.

O MES usa a sentença de Moro para chamar os “setores do povo” que “ainda” apoiam Lula, que: “rompam definitivamente com o lulismo”. A corrente de Luciana Genro inclusive continua ecoando a campanha da direita “contra a corrupção”, uma armadilha golpista demagógica, que não tem nada a ver com corrupção.

Um dia depois da condenação, na quinta-feira (12), o PSTU também se manifestou, em um texto com o seguinte título: “Por que Lula chegou a essa situação?” À parte a repetição de argumentos tratados neste jornal em várias oportunidades para justificar o apoio do PSTU à direita golpista em sua ofensiva contra o PT, o PSTU explicita sua frente com a direita e Sérgio Moro com o seguinte chamado: “não é tarefa da classe trabalhadora nesse momento, de modo algum, fazer ou participar de atos em defesa de Lula”.

Tanto PSTU quanto MES procuram disfarçar suas posições apresentando-se como neutros diante da perseguição a Lula. Tal posição não é possível. Não denunciar Moro é apoiar Moro. O PSTU compara Lula a Rafael Braga para dizer que o estado de exceção sempre existiu e por isso a Lava Jato não deveria ser denunciada. Não denunciar a Lava Jato não levará à liberdade para Rafael Braga. Pelo contrário, o estado de exceção está sendo ampliado. Se Lula for preso, Rafael Braga não será solto. Ficarão presos Lula e Rafael Braga, e o PSTU, assim como o MES, se recusa a lutar contra o estado de exceção.

Tanto o MES quanto o PSTU acusam o PT de ter feito um governo conciliador. Ora, o MES fez parte do governo conciliador no primeiro mandato de Lula, e o PSTU apoiou Lula nas eleições em 2002, durante o segundo turno. Todos sabiam que era um governo conciliador, todos conheciam o vice de Lula. Em qualquer caso, Sérgio Moro não condenou Lula porque Lula é conciliador. O PT está sendo perseguido porque é um obstáculo para o programa neoliberal. O MES e o PSTU decidiram apoiar essa perseguição.

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