15 de junho de 2017

Dilma: fomos ingênuos em relação à mídia


Em entrevista ao site Página 13, do PT, a presidente deposta pelo golpe Dilma Rousseff discorre sobre geopolítica, critica a postura do governo Temer de "submissão aos Estados Unidos" e defende que, "para que haja um futuro para o Brasil" em relação à retomada das relações internacionais, "precisa da eleição de 2018"; "Enquanto isso, não será considerado. É porque ele [Temer] é ilegítimo. Eles leem jornal, eles sabem quem ele é", afirma; sobre o cenário brasileiro, avalia ter havido ingenuidade "em relação aos meios de comunicação; "Eles não têm nem princípios democráticos, nem republicanos"; sobre o impeachment, avalia como "uma derrota das forças progressistas", mas diz ter "certeza de que nós não perdemos a democracia no Brasil"; "O jogo vai ser jogado em 2018. Nós estamos no entreato", prevê

Na opinião da presidente legítima deposta pelo golpe, Dilma Rousseff, houve ingenuidade em relação à mídia oligopólica brasileira durante os governos do PT. "Fomos ingênuos em relação aos meios de comunicação. Eles não têm nem princípios democráticos, nem republicanos. Com eles não dá para fazer 'senta que o leão é manso'. O leão não é manso. Come sua mão, sua perna e sua alma", opinou.

A avaliação foi feita em uma longa entrevista concedida ao site Página 13, do PT. Para ela, "tinha que ter tido uma Lei de Meios", com o "controle econômico" dos meios de comunicação. "O que a mídia faz? Ela exibe e arma contra nós a imprensa livre e democrática como fundamento da democracia. Perfeito. Agora, o fundamento da democracia não é igual a monopólio nem oligopólio. Nós defendemos a liberdade de imprensa. Não quero controle de conteúdo nenhum. Eu não quero o controle econômico do conteúdo. Nem o controle monopolista nem o oligopolista do conteúdo. Nós não soubemos colocar bem essa discussão", avalia.

Na entrevista, Dilma discorre sobre geopolítica, critica a postura do governo Temer de "submissão aos Estados Unidos" e defende que, "para que haja um futuro para o Brasil" em relação à retomada das relações internacionais, "precisa da eleição de 2018". "Enquanto isso, não será considerado. É porque ele [Temer] é ilegítimo. Eles leem jornal, eles sabem quem ele é", afirma.

A respeito do processo de impeachment, Dilma acredita que "foi uma derrota das forças progressistas". "Agora, pode ser uma falha minha, mas não consigo ver como uma derrota. Pessoalmente, é uma das experiências mais amargas que eu passei na vida. E já perdi várias vezes. Aliás, a minha história é igualzinha à história da esquerda no Brasil. Nós perdemos várias vezes", afirma. "Eu perdi na queda do João Goulart, depois eu perdi na virada de 1964. Em 1968 que é o golpe no golpe, cadeia! Eu vi derrotar a eleição direta lá na emenda ["Emenda Dante de Oliveira"]. Mas também vivi algumas vitórias relevantes – e a mais importante começa em 2003 com a eleição do Lula", lembra.

"Tenho a certeza de que nós não perdemos a democracia no Brasil. Que poderia ser a perda que me levaria a um luto. Nós não perdemos. O jogo vai ser jogado em 2018. Nós estamos no entreato. Houve este ato que acabou mal com o impeachment. Pode ser que o ato de 2018 acabe bem. O que eu tiver de força, neste ínterim, eu coloco nisso, porque do ponto de vista pessoal meu é como se fosse um resgate. No sentido assim: aconteceu isso de muito ruim, mas pelo menos foi contrabalançado por um avanço, que será, sem dúvida nenhuma, um novo governo progressista, que vai aprender com os nossos erros, que vai aprender com as nossas limitações. É o que espero", finaliza.
Brasil247

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