26 de junho de 2016

Cardozo sugere a ministro da Justiça de Temer para ouvir áudios e conferir quem quer parar a Lava Jato


O advogado da defesa da presidenta Dilma Rousseff, José Eduardo Cardozo, em entrevista coletiva na tarde de quinta-feira (23), recomendou que o atual ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, ouça os áudios do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, para concluir quem, efetivamente, tem interesse em obstruir e acabar com a Operação Lava Jato.

José Eduardo Cardozo fez essa observação porque nesta quinta, segundo jornalistas, o atual ministro da Justiça, ao contrário dos fatos, disse que o governo Dilma Rousseff “nunca contribuiu para o avanço da Operação Lava Jato e o combate à corrupção”.

O advogado de Dilma foi elegante ao dizer que Alexandre Moraes precisa de um discurso político para se justificar.

José Eduardo Cardozo - E é verdade, porque quem quer paralisar a Lava Jato não é Dilma e por isso ela representa o obstáculo. E quem foi até Curitiba para conversar com integrantes do Ministério Público e com o juiz Sérgio Moro não foi José Eduardo Cardozo e ninguém do governo legítimo de Dilma. Alexandre Moraes esteve lá, posou para fotos, bajulou e foi bajulado, algo impensável de acontecer no governo Dilma. Abaixo a entrevista:

Repórter - O atual ministro da Justiça deu uma declaração no Palácio do Planalto dizendo que o governo Dilma Rousseff nunca contribuiu para o avanço da Operação Lava Jato e o combate à corrupção. O senhor se sente injustiçado pessoalmente?

José Eduardo Cardozo - O atual ministro da Justiça está fazendo um discurso político que não condiz com a verdade. Basta ver o que foi feito. Aliás, as acusações que eu tinha de várias pessoas dessa base governista, que eram dirigidas à Dilma Rousseff é de que não houve obstrução. Se o atual ministro tem dúvidas, ele podia ouvir os áudios em que pessoas, lideranças, falam exatamente que Dilma tinha que sair porque a sangria tinha que parar. Se o ministro tem alguma dúvida, deve ouvir os áudios.

Repórter - O ministro da Justiça está sendo ingrato com o senhor, porque ele o elogiou porque nunca interferiu na Lava Jato?

José Eduardo Cardozo – O secretário Alexandre é meu amigo há muitos anos. Demos aulas juntos. Temos uma excelente relação pessoal, mas ele tem que fazer um discurso político. No momento que um governo é acusado publicamente de nomear pessoas investigadas e ao mesmo tempo ter sido colocado no Ministério para fazer uma pactuação para parar a Lava Jato tem que se encontrar um discurso político e o ministro está cumprindo o seu papel e eu entendo e respeito.

Repórter - Essa operação de hoje da Polícia Federal pode desviar as atenções do processo de impeachment?

José Eduardo Cardozo – A defesa não vê qualquer interferência. É evidente que os fatos que estão sendo objeto de investigação dessa operação não têm nada a ver com os fatos discutidos. Não tem absolutamente nada a ver com os fatos. Portanto, não vejo o que possa determinar algum tipo de avaliação sobre as denúncias colocadas nesse processo.

Repórter - Mas a senadora Gleisi Hoffmann é muito combativa na comissão do impeachment. Isso pode enfraquecer a bancada petista na defesa da presidenta Dilma Rousseff?

José Eduardo Cardozo - A senadora Gleisi Hoffmann é combativa, competente. Ela vai continuar exercendo seu papel. Desconheço os termos que originou a operação, mas tenho certeza que a senadora Gleisi tem força interior e saberá enfrentar esse momento. Reforço que não li a decisão. Não sei porque foi determinada a prisão preventiva de Paulo Bernardo.

PT na Câmara Foto: Gustavo Bezerra

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