Adeus, Barbosa! As lições aprendidas de um julgamento midiático e partidário - por Ligia Deslandes
Cada vez mais vem a tona toda a verdade
sobre o julgamento da AP 470 e as maracutaias criadas pela mídia para
condenar o PT e criminalizar as maiores lideranças que o partido já teve
nesse país. E as lições que todos nós temos que aprender desse
julgamento estão sendo aprendidas?
Nós que conhecemos as provas que estão
nesse processo a favor das lideranças condenadas que foram escondidas e
mascaradas por Joaquim Barbosa e pelos procuradores Antonio Fernando e
Roberto Gurgel e , que já foram mostradas na Internet através de vários
sites e blogs, sabemos que a justiça não foi feita em momento algum.
A corte, sob o comando de Ayres Brito e
posteriormente, Joaquim Barbosa, se transformou numa fábrica de
factóides e de teses absurdas, sem fundamento jurídico plausível,
plantadas de comum acordo com a mídia num processo que continha todas as
provas técnicas e evidentes de que não havia ocorrido os fatos
denunciados pelo vingativo Roberto Jefferson.
Foi muito desalentador verificar a falta de solidariedade que ocorreu no
início desse processo com as lideranças petistas. Mas, explica-se por
conta da própria notoriedade que ganharam com as decisões que tiveram
que tomar e o que fizeram para ajudar o PT e Lula a mudar o país.
Aqueles que não conseguem se projetar pelas suas idéias e ações,
projetam nos outros a sua frustração e a sua raiva por não conseguirem
fazer e ser o que os outros fazem e são.
Assim foi com as lideranças petistas.
Sua projeção fez com que muitos os odiassem. Tanto alguns companheiros
de partido quanto pessoas de outros partidos e instituições. O PT no
poder apesar de não ter conseguido radicalizar nas reformas de base tão
necessárias a nossa sociedade passou a pavimentar caminhos de
transformação que começaram a acontecer de forma vigorosa, iniciando um
ciclo virtuoso de melhorias para o desenvolvimento do pais e para o povo
brasileiro.
Tudo isso estava se tornando muito
perigoso para aqueles que sempre governaram o país de forma indireta: as
oligarquias empresariais e midiáticas.
Lula ajudou sem querer as mentiras da AP
470 tomarem corpo quando colocou Joaquim Barbosa no Supremo. É preciso
entender o quanto Lula queria através do ato de nomear um negro para o
STF dar um exemplo forte para a sociedade de abolição dos preconceitos e
inclusão social. Barbosa é que não fez jus a marca simbólica que Lula
tentou lhe passar.
Desde o início do processo da AP 470
esperou-se dele uma relatoria técnica que confirmasse o que os autos
mostravam. Os inúmeros documentos e provas avalizadas pela Polícia
Federal eram indiscutíveis. Mas, não… Barbosa quis passar pelo STF
deixando uma mancha, a mancha da injustiça. As oligarquias midiáticas
viram logo nele a oportunidade de continuar mandando no país.
Após um longo período até 2012, os
antigos PGR´s, Ayres Brito, a mídia e Joaquim Barbosa nadaram de
braçadas em suas elucubrações contra Zé Dirceu e os réus petistas. O
linchamento público a que foram submetidos nunca aconteceu em nenhum
momento da história do Brasil. Uma nova forma de tortura havia sido
inaugurada em pleno período democrático.
Nós, dos blogs e das redes sociais, de
posse de todas as informações e documentos exaustivamente pesquisados
nos autos do processo impúnhamos à mídia corporativa o revés do
contraditório. Sabíamos a verdade e sabíamos a grande manipulação
política que estava sendo feita.
A ditadura da informação da mídia
oligopolizada começou aos poucos a fazer água. Um longo trabalho de
formiguinhas contra gigantes que crescia e se expandia. As jornadas de
junho de 2013, com algumas ressalvas, mostraram isso quando de forma
categórica passaram a questionar a Globo e as demais mídias
oligopolizadas.
Logo, grandes juristas começaram a se
colocar, pessoas, sabidamente conservadoras, mas, calcadas na justiça.
Depois vieram outros juristas, associações de juristas, jornalistas,
artistas, e a sociedade começou a perceber o que estava acontecendo.
O fechamento do processo num julgamento
sem que as inúmeras provas fossem levadas em conta, o sequestro de
documentos essenciais ao processo guardados em segredo de justiça em
inquéritos ocultos, as prisões realizadas de forma totalmente
arbitrárias e midiáticas, os entraves que até hoje são colocados as
inúmeras petições dos réus solicitando que seja feita a justiça foram
deixando o mundo jurídico em polvorosa.
O judiciário começou a ser
questionado diuturnamente pela sociedade civil que percebeu a
necessidade de mais uma mudança para o Estado brasileiro, a Reforma do
Judiciário. A mídia começou a minguar e ser questionada nas ruas o tempo
todo. Um império que começou a se esfacelar diante de blogueiros tidos
por eles como “sujos” e por uma militância corajosa e persistente.
Barbosa para fazer o que fez, teve muitos
prêmios. Um apartamento em Miami, seu filho empregado na Globo, troféu
recebido em mãos dos expoentes da mídia empresarial, entre várias outras
benesses. Mostrou a que veio e expôs a hipocrisia de muitos que o
idolatravam por ter feito o que a mídia queria.
Ontem,
Barbosa conseguiu outro vexame, ser criticado pelo próprio atual
procurador geral da república Rodrigo Janot e o Presidente da OAB,
Marcus Vinícius Furtado Coêlho. Veja a reportagem que foi publicada em alguns sites e blogs:
“Não deve haver vitória do discurso da intolerância e do direito penal do inimigo. Se ele é meu inimigo não devo cumprir a lei”, disse Coêlho. “Essa interpretação vingativa de um caso concreto não pode suscitar prejuízo a 77 mil brasileiros (que estão presos no regime semiaberto)”, declarou, sem citar nomes, durante evento no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, já havia criticado a decisão de Barbosa no mesmo evento.”
É
preciso lembrar, que já em 2013, o grande jornalista Franklin Martins,
ex-jornalista da Globo, conhecedor profundo dos meandros do sistema
oligárquico de mídia do país chegou a conclusões importantes. O Blog O
Cafezinho faz um comentário pertinente à respeito dessas conclusões:
“(…) o trecho que me chamou a
atenção foi sua observação sobre a ruptura editorial da Globo, a partir
da cobertura do mensalão. Franklin, que era comentarista político no
Jornal da Globo, faz uma acusação grave ao jornalismo da emissora: ela
se recusava a investigar a coisa mais importante, a origem do dinheiro
do valerioduto, porque aquilo poderia atrapalhar a sua “teoria”.
Mais tarde, a Procuradoria, e
Joaquim Barbosa – juiz responsável, desde o início, por acompanhar as
investigações do Ministério Público – ajudariam a Globo a explicar a
origem do dinheiro do valerioduto, ao encampar a tese do desvio do Fundo
de Incentivo Visanet, em detrimento de um relatório da Polícia Federal,
que dizia o contrário.
A PF, através do relatório do
Inquérito 2474, assinado pelo delegado Luiz Flavio Zampronha, mostrava
que a maior parte dos recursos de Marcos Valério tinha vindo de empresas
controladas por Daniel Dantas, e que as negociatas de Valério tinham
começado bem antes da era Lula.
Quanto ao Visanet, o Laudo 2828,
também da PF, provaria que os recursos não estavam sob responsabilidade
de Henrique Pizzolato, o único petista na cúpula do Banco do Brasil,
derrubando a teoria de que havia um “núcleo petista” instalado dentro do
BB, sob ordens secretas de Dirceu, para desviar os recursos necessários
ao esquema de compra de voto.
“A Globo resolveu acabar com o
pluralismo”, observa Martins, porque decidiu voltar a algo que estava em
seu DNA: “comandar o país”.”
Os documentos que estão na AP 470 provam
que todos os serviços que Barbosa disse que não foram feitos, usando-os
como tese para criminalizar as lideranças do PT foram pagos às
diversas empresas de mídia, entre elas, a Rede Globo.
O Banco do Brasil já afirmou que a
Visanet é uma empresa privada e que os R$ 73 milhões que Barbosa disse
que foram roubados pela quadrilha que ele inventou foram devidamente
pagos e que os comprovantes são a prova disso. Notas fiscais de todas as
empresas de mídia mais importantes do país.
Diante de tudo que aconteceu e ainda
está acontecendo a Revisão Penal da AP 470 virá logo, para salvar o STF
de ser escrachado e humilhado pela Corte Interamericana de Direitos
Humanos. E com a revisão penal finalmente a verdade virá à tona. Parece
que o STF vai encontrar um jeito de se livrar do escândalo de ter sido
pautado de forma vergonhosa pela mídia.
Joaquim Barbosa anunciou que sai do STF
em junho. Vai se aposentar. O que fará da aposentadoria, poucos sabemos.
Talvez ajude a campanha de Aécio Neves, seu amigo dileto de tantas
horas e festas. Sabe-se lá o que pretende. Até Eduardo Campos quer
cortejá-lo, afinal, mostrou que realmente é um homem leal à direita
colonialista e subalterna aos EUA, a mesma a quem Eduardo Campos anda se
ajoelhando.
A ditadura de Barbosa no STF chegará
finalmente ao final. Sua carreira como primeiro magistrado negro a
chefiar a maior corte judiciária do país será encerrada de forma
constrangedora, sem qualquer contribuição mais relevante para a justiça
do país.
Mas, ao fazer minha reflexão, percebi
que pelo menos uma contribuição Barbosa deixa para todos nós,
brasileiros. Foi através dele que pudemos ver de maneira mais
contundente, sem enganações, como, na verdade, funciona o judiciário de
nosso país, do que são feitos os magistrados que estão no STF e como
nosso sistema penitenciário ainda é colonial. Temos uma corte, um
judiciário e um sistema prisional que não cabem mais da forma como são
na sociedade brasileira grandiosa que todos nós estamos querendo.
As lições a serem aprendidas são muitas.
As soluções para elas também. O PT acordou tardiamente. Poderia ter
contribuído mais para mudanças substanciais no sistema político e
judiciário brasileiro. Mas, antes tarde do que nunca. Que venham de uma
vez agora as reformas que precisamos.
Reforma do sistema político e eleitoral,
regulação e democratização da mídia, reforma agrária e reforma do
judiciário, todas urgentes e bem vindas.
Que realmente as lições possam ter sido aprendidas. Quanto a Barbosa, um sonoro e contundente ADEUS! Que se vá de uma vez chafurdar no lixo da direita!!!
Com informações do Ligia Deslandes
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