29 de maio de 2014

Joaquim Barbosa e os ventos da mudança


Adeus, Barbosa! As lições aprendidas de um julgamento midiático e partidário - por Ligia Deslandes

Cada vez mais vem a tona toda a verdade sobre o julgamento da AP 470 e as maracutaias criadas pela mídia para condenar o PT e criminalizar as maiores lideranças que o partido já teve nesse país. E as lições que todos nós temos que aprender desse julgamento estão sendo aprendidas?

Nós que conhecemos as provas que estão nesse processo a favor das lideranças condenadas que foram escondidas e mascaradas por Joaquim Barbosa e pelos procuradores Antonio Fernando e Roberto Gurgel e , que já foram mostradas na Internet através de vários sites e blogs, sabemos que a justiça não foi feita em momento algum.

A corte, sob o comando de Ayres Brito e posteriormente, Joaquim Barbosa, se transformou numa fábrica de factóides e de teses absurdas, sem fundamento jurídico plausível, plantadas de comum acordo com a mídia num processo que continha todas as provas técnicas e evidentes de que não havia ocorrido os fatos denunciados pelo vingativo Roberto Jefferson.

Foi muito desalentador verificar a falta de solidariedade que ocorreu no início desse processo com as lideranças petistas. Mas, explica-se por conta da própria notoriedade que ganharam com as decisões que tiveram que tomar e o que fizeram para ajudar o PT e Lula a mudar o país.  Aqueles que não conseguem se projetar pelas suas idéias e ações, projetam nos outros a sua frustração e a sua raiva por não conseguirem fazer e ser o que os outros fazem e são.

Assim foi com as lideranças petistas. Sua projeção fez com que muitos os odiassem. Tanto alguns companheiros de partido quanto pessoas de outros partidos e instituições. O PT no poder apesar de não ter conseguido radicalizar nas reformas de base tão necessárias a nossa sociedade passou a pavimentar caminhos de transformação que começaram a acontecer de forma vigorosa, iniciando um ciclo virtuoso de melhorias para o desenvolvimento do pais e para o povo brasileiro.

Tudo isso estava se tornando muito perigoso para aqueles que sempre governaram o país de forma indireta: as oligarquias empresariais e midiáticas.
Lula ajudou sem querer as mentiras da AP 470 tomarem corpo quando colocou Joaquim Barbosa no Supremo. É preciso entender o quanto Lula queria através do ato de nomear um negro para o STF dar um exemplo forte para a sociedade de abolição dos preconceitos e inclusão social. Barbosa é que não fez jus a marca simbólica que Lula tentou lhe passar.

Desde o início do processo da AP 470 esperou-se dele uma relatoria técnica que confirmasse o que os autos mostravam. Os inúmeros documentos e provas avalizadas pela Polícia Federal eram indiscutíveis. Mas, não… Barbosa quis passar pelo STF deixando uma mancha, a mancha da injustiça. As oligarquias midiáticas viram logo nele a oportunidade de continuar mandando no país.

Após um longo período até 2012, os antigos PGR´s, Ayres Brito, a mídia e Joaquim Barbosa nadaram de braçadas em suas elucubrações contra Zé Dirceu e os réus petistas. O linchamento público a que foram submetidos nunca aconteceu em nenhum momento da história do Brasil. Uma nova forma de tortura havia sido inaugurada em pleno período democrático.

Nós, dos blogs e das redes sociais, de posse de todas as informações e documentos exaustivamente pesquisados nos autos do processo impúnhamos à mídia corporativa o revés do contraditório. Sabíamos a verdade e sabíamos a grande manipulação política que estava sendo feita.


A ditadura da informação da mídia oligopolizada começou aos poucos a fazer água. Um longo trabalho de formiguinhas contra gigantes que crescia e se expandia. As jornadas de junho de 2013, com algumas ressalvas,  mostraram isso quando de forma categórica passaram a questionar a Globo e as demais mídias oligopolizadas.

Logo, grandes juristas começaram a se colocar, pessoas, sabidamente conservadoras, mas, calcadas na justiça. Depois vieram outros juristas, associações de juristas, jornalistas, artistas, e a sociedade começou a perceber o que estava acontecendo.

O fechamento do processo num julgamento sem que as inúmeras provas fossem levadas em conta, o sequestro de documentos essenciais ao processo guardados em segredo de justiça em inquéritos ocultos, as prisões realizadas de forma totalmente arbitrárias e midiáticas, os entraves que até hoje são colocados as inúmeras petições dos réus solicitando que seja feita a justiça foram deixando o mundo jurídico em polvorosa.

O judiciário começou a ser questionado diuturnamente pela sociedade civil que percebeu a necessidade de mais uma mudança para o Estado brasileiro, a Reforma do Judiciário. A mídia começou a minguar e ser questionada nas ruas o tempo todo. Um império que começou a se esfacelar diante de blogueiros tidos por eles como “sujos” e por uma militância corajosa e persistente.


Barbosa para fazer o que fez, teve muitos prêmios. Um apartamento em Miami, seu filho empregado na Globo, troféu recebido em mãos dos expoentes da mídia empresarial, entre várias outras benesses. Mostrou a que veio e expôs a hipocrisia de muitos que o idolatravam por ter feito o que a mídia queria.

Ontem, Barbosa conseguiu outro vexame, ser criticado pelo próprio atual procurador geral da república Rodrigo Janot e o Presidente da OAB,  Marcus Vinícius Furtado Coêlho. Veja a reportagem que foi publicada em alguns sites e blogs:

“O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcus Vinícius Furtado Coêlho, criticou a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, de cassar autorizações judiciais que tinham garantido o direito ao trabalho externo a condenados no processo do mensalão. Para Coêlho, teria ocorrido uma interpretação “vingativa”.
“Não deve haver vitória do discurso da intolerância e do direito penal do inimigo. Se ele é meu inimigo não devo cumprir a lei”, disse Coêlho. “Essa interpretação vingativa de um caso concreto não pode suscitar prejuízo a 77 mil brasileiros (que estão presos no regime semiaberto)”, declarou, sem citar nomes, durante evento no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, já havia criticado a decisão de Barbosa no mesmo evento.”

É preciso lembrar, que já em 2013, o grande jornalista Franklin Martins, ex-jornalista da Globo, conhecedor profundo dos meandros do sistema oligárquico de mídia do país chegou a conclusões importantes. O Blog O Cafezinho faz um comentário pertinente à respeito dessas conclusões:

“(…) o trecho que me chamou a atenção foi sua observação sobre a ruptura editorial da Globo, a partir da cobertura do mensalão. Franklin, que era comentarista político no Jornal da Globo, faz uma acusação grave ao jornalismo da emissora: ela se recusava a investigar a coisa mais importante, a origem do dinheiro do valerioduto, porque aquilo poderia atrapalhar a sua “teoria”.
Mais tarde, a Procuradoria, e Joaquim Barbosa – juiz responsável, desde o início, por acompanhar as investigações do Ministério Público – ajudariam a Globo a explicar a origem do dinheiro do valerioduto, ao encampar a tese do desvio do Fundo de Incentivo Visanet, em detrimento de um relatório da Polícia Federal, que dizia o contrário.
A PF, através do relatório do Inquérito 2474, assinado pelo delegado Luiz Flavio Zampronha, mostrava que a maior parte dos recursos de Marcos Valério tinha vindo de empresas controladas por Daniel Dantas, e que as negociatas de Valério tinham começado bem antes da era Lula.
Quanto ao Visanet, o Laudo 2828, também da PF, provaria que os recursos não estavam sob responsabilidade de Henrique Pizzolato, o único petista na cúpula do Banco do Brasil, derrubando a teoria de que havia um “núcleo petista” instalado dentro do BB, sob ordens secretas de Dirceu, para desviar os recursos necessários ao esquema de compra de voto.
“A Globo resolveu acabar com o pluralismo”, observa Martins, porque decidiu voltar a algo que estava em seu DNA: “comandar o país”.”

Os documentos que estão na AP 470 provam que todos os serviços que Barbosa disse que não foram feitos, usando-os como tese para criminalizar as lideranças do PT  foram pagos às diversas empresas de mídia, entre elas, a Rede Globo.
O Banco do Brasil já afirmou que a Visanet é uma empresa privada e que os R$ 73 milhões que Barbosa disse que foram roubados pela quadrilha que ele inventou foram devidamente pagos e que os comprovantes são a prova disso. Notas fiscais de todas as empresas de mídia mais importantes do país.

Diante de tudo que aconteceu e ainda está acontecendo a Revisão Penal da AP 470 virá logo, para salvar o STF de ser escrachado e humilhado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos. E com a revisão penal finalmente a verdade virá à tona. Parece que o STF vai encontrar um jeito de se livrar do escândalo de ter sido pautado de forma vergonhosa pela mídia.


Joaquim Barbosa anunciou que sai do STF em junho. Vai se aposentar. O que fará da aposentadoria, poucos sabemos. Talvez ajude a campanha de Aécio Neves, seu amigo dileto de tantas horas e festas. Sabe-se lá o que pretende. Até Eduardo Campos quer cortejá-lo, afinal, mostrou que realmente é um homem leal à direita colonialista e subalterna aos EUA, a mesma a quem Eduardo Campos anda se ajoelhando.

A ditadura de Barbosa no STF chegará finalmente ao final. Sua carreira como primeiro magistrado negro a chefiar a maior corte judiciária do país será encerrada de forma constrangedora, sem qualquer contribuição mais relevante para a justiça do país.

Mas, ao fazer minha reflexão, percebi que pelo menos uma contribuição Barbosa deixa para todos nós, brasileiros. Foi através dele que pudemos ver de maneira mais contundente, sem enganações, como, na verdade, funciona o judiciário de nosso país, do que são feitos os magistrados que estão no STF e como nosso sistema penitenciário ainda é colonial. Temos uma corte, um judiciário e um sistema prisional que não cabem mais da forma como são na sociedade brasileira grandiosa que todos nós estamos querendo.

As lições a serem aprendidas são muitas. As soluções para elas também. O PT acordou tardiamente. Poderia ter contribuído mais para mudanças substanciais no sistema político e judiciário brasileiro. Mas, antes tarde do que nunca. Que venham de uma vez agora as reformas que precisamos.
Reforma do sistema político e eleitoral, regulação e democratização da mídia, reforma agrária e reforma do judiciário, todas urgentes e bem vindas.

Que realmente as lições possam ter sido aprendidas. Quanto a Barbosa, um sonoro e contundente ADEUS! Que se vá de uma vez chafurdar no lixo da direita!!!
Com informações do  Ligia Deslandes 

Nenhum comentário:

Postar um comentário