Por Mário Magalhães
Há 44 anos, Carlos Marighella era assassinado por agentes da ditadura
A versão oficial da morte de Marighella
foi uma das farsas mais longevas fabricadas pelo aparato repressivo de
então. Mesmo partidários do veterano militante comunista referendaram
falsificações, como o relato de que ele portaria um revólver _não
carregava nem um canivete.
Ex-membro da Comissão Nacional da
Verdade, Cláudio Fonteles inovou: antes de investigar o fuzilamento de
Marighella, veiculou um relatório sobre o episódio. Vergonhosamente,
reiterou cascatas plantadas há mais de quatro décadas pelo delegado
Sérgio Paranhos Fleury, o comandante da tocaia.
As únicas imagens em movimento nas quais Marighella (1911-69) aparece são as acima, feitas pela TV Tupi.
Nelas, o inimigo público número 1 da ditadura é mostrado morto. É
possível que haja filmes de outras épocas, com ele vivo, mas não são
conhecidos.
As imagens da TV Tupi estão no site Banco de Conteúdos Culturais, um tesouro histórico. Na origem, elas foram classificadas como referentes à morte de Marighella “em combate com a polícia”. Mentira: ele estava desarmado e não contava com seguranças.
Outro filmete que sobreviveu é o da
reportagem _difícil saber se foi ao ar_ do local onde Marighella foi
enterrado, o cemitério da Vila Formosa (em 1979, seus restos foram
transferidos para o cemitério Quinta dos Lázaros, em Salvador). A
vinheta fala em enterro como indigente,
mas na verdade ele recebeu uma sepultura de quarta classe. Na prática,
inexistia diferença. O recado era o mesmo: quem ousasse, de que modo
fosse, desafiar a ditadura acabaria em um lugar assim.
Quarenta e quatro anos depois, minha
impressão é que, mais do que descrever Carlos Marighella como um bandido
sanguinário e inescrupuloso, certa historiografia oficial tentou
eliminá-lo da história.
Não conseguiu, como é fácil constatar, goste-se ou não de Marighella.
Você pode ver também: Marighella Documentário Completo:
Com informações do Rede Democrática
Nenhum comentário:
Postar um comentário