Hoje
faz 44 anos que o guerrilheiro Carlos Marighella foi assassinado em uma
emboscada, na noite de 4 de novembro de 1969, da qual participaram ao
menos 29 agentes da ditadura. Na alameda Casa Branca, em São Paulo, eles
mataram o revolucionário de 57 anos que estava sozinho e desarmado.
Por Mário Magalhães
Há 44 anos, Carlos Marighella era assassinado por agentes da ditadura
A versão oficial da morte de Marighella
foi uma das farsas mais longevas fabricadas pelo aparato repressivo de
então. Mesmo partidários do veterano militante comunista referendaram
falsificações, como o relato de que ele portaria um revólver _não
carregava nem um canivete.
Ex-membro da Comissão Nacional da
Verdade, Cláudio Fonteles inovou: antes de investigar o fuzilamento de
Marighella, veiculou um relatório sobre o episódio. Vergonhosamente,
reiterou cascatas plantadas há mais de quatro décadas pelo delegado
Sérgio Paranhos Fleury, o comandante da tocaia.
As únicas imagens em movimento nas quais Marighella (1911-69) aparece são as acima, feitas pela TV Tupi.
Nelas, o inimigo público número 1 da ditadura é mostrado morto. É
possível que haja filmes de outras épocas, com ele vivo, mas não são
conhecidos.
Nos nove anos em que me dediquei à biografia “Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo” (Companhia das Letras), dei três vezes com a voz do protagonista do livro, em áudios de 1946, 1967 e 1969.
As imagens da TV Tupi estão no site Banco de Conteúdos Culturais, um tesouro histórico. Na origem, elas foram classificadas como referentes à morte de Marighella “em combate com a polícia”. Mentira: ele estava desarmado e não contava com seguranças.
Outro filmete que sobreviveu é o da
reportagem _difícil saber se foi ao ar_ do local onde Marighella foi
enterrado, o cemitério da Vila Formosa (em 1979, seus restos foram
transferidos para o cemitério Quinta dos Lázaros, em Salvador). A
vinheta fala em enterro como indigente,
mas na verdade ele recebeu uma sepultura de quarta classe. Na prática,
inexistia diferença. O recado era o mesmo: quem ousasse, de que modo
fosse, desafiar a ditadura acabaria em um lugar assim.
Quarenta e quatro anos depois, minha
impressão é que, mais do que descrever Carlos Marighella como um bandido
sanguinário e inescrupuloso, certa historiografia oficial tentou
eliminá-lo da história.
Não conseguiu, como é fácil constatar, goste-se ou não de Marighella.
Você pode ver também: Marighella Documentário Completo:
Com informações do Rede Democrática
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