A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) realizou, entre os dias 07 e 10 de novembro, em Rio Branco-AC, seu 35º Congresso Nacional, com tema: “Os desafios do Jornalismo e sua contribuição para o desenvolvimento sustentável”.
A programação girou sobre questões como
aquecimento global, política energética, desmatamento, Código Florestal,
etc., contando com debatedores de diversos órgãos e institutos, porém
com pouca representação dos movimentos sociais e dos povos da floresta.
Coube então ao professor Hélio Scalambrini (UFPE) ressaltar, durante sua
palestra, que é impossível alcançar desenvolvimento sustentável na
sociedade capitalista: “a lógica do consumismo e do lucro, sempre será
colocada à frente do interesse da maioria da sociedade e da preservação
do meio ambiente”, sentenciou.
Um importante momento do Congresso foi o
ato político de criação da Comissão Memória, Verdade e Justiça da
Fenaj, que vai apurar perseguições a jornalistas e à imprensa durante a
Ditadura Militar. O foco dos trabalhos serão os casos de censura,
“empastelamento” de jornais e revistas, impedimento do trabalho dos
jornalistas, prisões, torturas, mortes e desaparecimentos. Dentre os
nomes cotados para integrar a Comissão estão os jornalistas Audálio
Dantas (ex-presid. Fenaj), Carlos Alberto Oliveira (ex-presid. Sind.
Jornalistas do Município RJ), Nilmário Miranda (ex-presid. Sind.
Jornalistas MG, ex-deputado federal e agora membro da Comissão de
Anistia), Rose Nogueira (ex-presa política e diretora do Sind.
Jornalistas SP) e Sérgio Murillo de Andrade (diretor e ex-presid.
Fenaj).
“Pela primeira vez, vamos montar um
acervo a partir do olhar dos jornalistas. Eles contarão a sua história
desse período”, Celso Schröder, presidente da Federação. Além de casos
conhecidos como a perseguição ao tabloide “O Pasquim” e a morte do
jornalista de Vladimir Herzog, espera-se que muitas outras histórias
ainda desconhecidas sejam reveladas. “Tenho viajado e percebido que há
casos por todo o país que estão pouco registrados ou registrados muito
localmente”, afirmou.
O jornalista Ricardo Carvalho, também
presente ao evento, representou o Instituto Vladimir Herzog no ato e
revelou que eles já contam com mais de cem horas de gravações de
depoimentos de militantes e jornalistas do período da Ditadura, em
especial sobre diversas publicações de esquerda, muitas vezes esquecidas
propositalmente pela grande mídia quando se fala em censura da
imprensa.
Gilney Amorim Viana, coordenador do
projeto Direito à Memória e à Verdade da Secretaria de Direitos Humanos
da Presidência da República, proferiu uma palestra sobre o tema,
emocionando a todos com seu depoimento, exibindo também o documentário
“Valeu a Pena”, que retrata a greve de fome de 32 dias realizada pelos
presos políticos do Presídio Frei Caneca, no Rio (da qual ele mesmo
participou), em defesa da “Anistia ampla, geral e irrestrita”.
O congresso da Fenaj também reafirmou as
bandeiras de lutas específicas, com prioridade para a luta em defesa da
formação de nível superior (aprovação da PEC do Diploma na Câmara
Federal em 2013); o PL do Piso Nacional de R$ 3.270,00; a aprovação de
um Marco Regulatório para as comunicações no Brasil; entre outras.
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