21 de setembro de 2011

Desaparecidos políticos: Cariocas inauguram neste domingo a ciclovia Stuart Angel


Stuart Angel

O Instituto Zuzu Angel e a Prefeitura da Cidade tem o prazer de convidar a todos para a inauguração da Ciclovia Stuart Angel Jones, dia 25/09, domingo, às 9horas.

A solenidade será na Praça General Tiburcio, Praia Vermelha, na Urca e o  Secretario Municipal de Meio Ambiente e Vice Prefeito Carlos Alberto Muniz fará a inauguração da obra.
O trajeto da ciclovia passa pela frente da Faculdade de Economia da UFRJ onde o Stuart estudou.
Tragam suas bicicletas!!!
Stuart Angel Jones, era filho do americano Norman Jones e de Zuleika Angel Jones, mais conhecida como Zuzu Angel, figurinista e estilista conhecida internacionalmente. Bicampeão carioca de remo pelo Clube de Regatas Flamengo na adolescência, ele foi estudante de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Possuía dupla nacionalidade, brasileira e americana.
Na  década de 60, passou a militar no MR-8, grupo de resistência que fazia a luta armada contra o regime militar, onde usava os nomes de  'Paulo' e 'Henrique'. Stuart chegou a  morar na favela da Maré e desenvolver um trabalho nas bases operárias mais pobres da cidade do Rio de Janeiro no ano de 1969.
Stuart foi preso, barbaramente torturado e morto por membros do CISA (Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica) em 14 de junho de 1971, aos 25 anos de idade. Foi casado com a também militante e guerrilheira Sônia Morais Jones, presa, torturada e morta dois anos depois e também dada como desaparecida.

Morte

Preso próximo a sua residência, no bairro do Grajaú, perto da Avenida 28 de Setembro, na Zona Norte do Rio, Stuart foi levado pelos agentes do CISA à Base Aérea do Galeão para interrogatório. Dele, os torturadores queriam a informação da localização do capitão Carlos Lamarca,  do MR-8 e então o grande procurado pelo ditadura. Negando-se a falar, Stuart foi então barbaramente torturado no pátio da base área do Galeão, vindo a morrer em consequência.
A versão mais conhecida de sua tortura e morte foi dada por Alex Polari, também preso na base, e que assistiu da janela de sua cela as torturas feitas contra Stuart, presenciando inclusive a cena em que ele foi arrastado por um jipe militar, com o corpo completamente esfolado e com a boca no cano de descarga do veículo, pelo pátio interno do quartel, o que causou sua morte por asfixia e envenenamento por gás carbônico. Polari escreveu uma carta a Zuzu Angel, contando-lhe o ocorrido com o filho.
De posse dela, a estilista denunciou o assassinato de Stuart - que tinha cidadania brasileira e americana - ao senador Edward Kennedy, que levou o caso ao Congresso dos Estados Unidos.
O livro Desaparecidos Políticos, de Reinaldo Cabral e Ronaldo Lapa, aponta duas versões para o desaparecimento do corpo de Stuart: " A primeira é de que teria sido transportado por um helicóptero da Marinha para uma área militar localizada na Restinga de Marambaia, na Barra de Guaratiba, próximo à (então) zona rural do Rio, e jogado em alto-mar pelo mesmo helicóptero. De acordo com outras informações, o corpo de Stuart teria sido enterrado como indigente, com o nome trocado, num cemitério de um subúrbio carioca, provavelmente Inhaúma."
Os torturadores responsáveis, segundo ele foram: "os brigadeiros Burnier e Carlos Afonso Dellamora, o primeiro, chefe da Zona Aérea e, o segundo, comandante do CISA; o tenente-coronel Abílio Alcântara, o tenente-coronel Muniz, o capitão Lúcio Barroso e o major Pena – todos do mesmo organismo de repressão da ditadura; o capitão Alfredo Poeck – do CENIMAR - Centro de Informaçoẽs da Marinha ; Mário Borges e Jair Gonçalves da Mota – agentes do DOPS - Departamento de Ordem Politica e Social".
Pelos anos seguintes, a mãe de Stuart, Zuzu, peregrinou pelos órgãos de poder do regime, tentando conseguir explicações e informações sobre o corpo do filho, oficialmente dado como desaparecido. Sua campanha chegou ao mundo da moda, na qual tinha destaque, com desfiles de coleções feitas com roupas estampadas com manchas vermelhas, pássaros engaiolados e motivos bélicos. O anjo, ferido e amordaçado em suas estampas, tornou-se também o símbolo do filho. Zuzu chegou a realizar em Nova York um desfile-protesto.
Usando de sua relativa notoriedade internacional, ela envolveu celebridades de Hollywood que eram suas clientes, como Joan Crawford, Liza Minelli e Kim Novak, em sua causa. Durante a visita de Henry Kissinger, então secretário de estado norte-americano, ao Brasil, chegou a furar a segurança para entregar-lhe um dossiê com os fatos sobre a morte do filho, também portador da cidadania americana.
Zuzu morreu em 1976, num acidente de automóvel nunca explicado, no bairro de São Conrado, Rio de Janeiro, sem jamais conseguir descobrir o paradeiro do corpo de Stuart Angel.

Redação do Rede Democrática

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