19 de dezembro de 2010

A luta continua e Carlos Eugênio Clemente lança o Rede Democrática


Para quem não sabe, Carlos Eugênio Clemente, era um garoto que assim como eu amava os Beatles e os Rolling Stones. 
Quando então deixa o colégio Pedro II no Rio de Janeiro e com 17 anos ingressa na ALN - Ação Libertadora Nacional. 
Para simplesmente derrubar a ditadura através da luta armada. 
E o hoje músico, escritor e militante no PSB-RJ, prossegue na sua luta pelas reformas estruturais que foram  impedidas pelo golpe civil-militar de 1964. Reformas estas, que até hoje ainda não foram realizadas.
Publico aqui o editorial da versão eletrônica do jornal  "Rede Democrática", cujo lançamento será realizado no dia 20 de dezembro, às 19hs, no restaurante Severyna em Laranjeiras, na cidade do Rio de Janeiro.

Editorial Rede Democrática 

Analisando as experiências históricas do socialismo no século XX, chegamos a muitos ensinamentos. Um dos mais importantes foi a compreensão da necessidade da democracia. Já o programa de governo da Ação Libertadora Nacional ALN previa a instauração de uma Democracia Popular. Carlos Marighella e Joaquim Câmara Ferreira seus dois maiores líderes, faziam parte dos antigos dirigentes comunistas que participaram da critica ao stalinismo e dos desvios cometidos na construção do socialismo na extinta União Soviética.


Todos sabem da importância que teve a luta armada nos anos 1960 e 1970 para o desgaste da ditadura civil-militar de direita instalada pelo golpe de estado de 31 de março de 1964. Entretanto, a ditadura acabou sendo derrotada de uma maneira peculiar: através de acordos negociados com a sociedade civil, e não por uma derrota militar que eliminasse todos os vestígios daquele sistema discricionário e autoritário, que mantinha o poder através da força das armas, contrariando a vontade da maioria do povo brasileiro.


O resultado desse processo de negociação e acordos foi o sistema em que vivemos hoje: uma Democracia Domesticada, segundo definição de Luis Felipe Miguel, com a qual muitos democratas concordamos. Com todos os problemas que ainda enfrentamos, esse é o regime que vigora em nosso país, e acreditamos que é a partir dele que teremos que avançar. Em suma, o que a atual correlação de forças nos impõe.

Nossa proposta é lutar pelo aprofundamento e radicalização da democracia no Brasil. Queremos paz, terra, trabalho, liberdade e democracia para todos. Queremos distribuição de renda, democratização dos meios de comunicação e informação. Queremos o fim de todos os preconceitos: de etnia, de sexo, de opção sexual, de aparência. Queremos, portanto, o respeito às diferenças, opções religiosas e concepções de vida. Exigimos a abertura dos arquivos da ditadura, pois temos direito à memória e à verdade. Somente conhecendo nossa História, impediremos os retrocessos autoritários.
A democracia só se aprofundará quando reconhecermos e louvarmos, desde os livros de História do Brasil, nossos verdadeiros heróis: Zumbi, Tiradentes, Carlos Lamarca, Mário Alves, Honestino Guimarães, Devanir José de Carvalho, Ana Maria Nacinovic, Olga Benário e todos aqueles que tombaram pela liberdade.

Consideramos importante a construção de uma ampla rede democrática que sirva de instrumento para essa luta. A forma que encontramos é manter o jornal Rede Democrática. Ele deixa de ser um jornal de campanha e passa a existir inicialmente na Internet, atualizado uma vez por semana, e contar com a colaboração de todos que quiserem participar. Nossa proposta é imprimir, no ano que vem (2011), dois números, um em cada semestre, com a pretensão de aumentar a frequência.

Convidamos todos a participarem da construção de uma Rede Democrática pelo aprofundamento e radicalização da democracia no Brasil, com o objetivo de libertar nosso povo do autoritarismo, dos preconceitos, da intolerância e da exploração do homem pelo homem.


Carlos Eugênio Clemente.

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