6 de novembro de 2010

Democratização da mídia no país prevê quebra de monopólios

Depois muita protelação, o governo federal, agora com Dilma Rousseff no comando, pode haver, enfim, a oportunidade de promover mudanças e avanços na área da comunicação. Para os militantes do movimento de democratização, já passou da hora de enfrentar os monopólios e estabelecer outro tipo de mídia no Brasil. Os desafios, porém, não serão poucos, e devem depender muito das forças sociais. A jornalista Bia Barbosa, integrante do Coletivo Intervozes, prevê dificuldades na disputa, com base no que ocorreu durante os dois mandatos de Lula. – A Conferência Nacional de Comunicação [Confecom] saiu depois de oito anos de reivindicação, e só saiu porque o movimento (de democratização) pressionou muito. Pior se a gente pensar como se deu o processo da escolha do padrão digital, como está sendo construído o Plano Nacional de Banda Larga, com baixíssima interlocução com a sociedade civil – critica.
A jornalista lembra que, durante a própria campanha de Dilma, houve recuos em relação ao tema.


– Quando havia a crítica e o questionamento, seja pela imprensa, seja pelas outras candidaturas, seja por setores mais conservadores da pauta da comunicação, a candidatura Dilma recuava – destaca.
Luta política
Já o jornalista, blogueiro e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Altamiro Borges, acredita que haverá mudanças com Dilma Rousseff na Presidência e aposta em uma radicalização da luta política no Brasil, que deve ser causada pela postura da nova mandatária.
– O Lula, com seu carisma e sua capacidade de conciliação, conseguiu afastar os jacobinos e os bolcheviques do seu governo. E a Dilma não vai conseguir. Há uma tendência à radicalização política no seu governo – projeta.
Se essa tendência de fato se confirmar, segundo Borges, um conjunto de setores conservadores e da mídia corporativa devem endurecer seu discurso. E o argumento, de acordo com o jornalista, será a volta de um tema que já pautou a campanha eleitoral deste ano: a “ameaça” à liberdade de imprensa. Para Borges, portanto, as circunstâncias levarão Dilma a se posicionar.
– A Dilma vai ter que tomar atitudes. Ela sentiu na pele o que é essa mídia desregulamentada, controlada por poucas famílias. Ela terá que definir se ela quer alimentar cobra ou se quer alimentar uma imprensa mais democrática – afirma.
Mobilização
Os militantes dos movimentos em prol da democratização, no entanto, são unânimes em afirmar que o êxito de uma nova comunicação dependerá essencialmente da organização das entidades. Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, as entidades devem estar prontas para lutar pelas propostas da Confecom já a partir de janeiro de 2011.
– As organizações sociais vão ter que estar muito organizadas, mobilizadas, pressionando o governo. Não pensem que vai ser fácil – afirma.
Entre as tarefas das entidades, de acordo com a deputada federal recém-eleita pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) de São Paulo, Luiza Erundina, será garantir a participação popular em todas as decisões da área. Como exemplo, ela cita a escolha do próximo ministro das Comunicações.
– Queremos articular mais força política do país inteiro e protagonizar decisões estratégicas em relação a essa área, por exemplo, a definição de que nome vai para o Ministério das Comunicações. Isso é fundamental, porque o que atrasou muito essa luta foi quem sempre esteve à frente daquele ministério (o ex-ministro Hélio Costa) – acrescentou.
Para o presidente da CUT, é fundamental, ainda, explicitar à sociedade que o controle social não é uma censura, mas uma oportunidade de discutir o que é transmitido.
– Não queremos ficar do lado do (apresentador) William Bonner na televisão, no Jornal Nacional. Queremos discutir, por exemplo, por que a gente não consegue ter um espaço, por menor que seja, para debater temas que nós (movimentos) gostaríamos de ver debatidos em horário nobre nos grandes veículos de comunicação – explica.

http://correiodobrasil.com.br/democratizacao-da-midia-no-pais-preve-quebra-de-monopolios/189743/

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